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TELEVISÃO
Crítica
"Barrabás" é bela superprodução bíblica
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Barrabás é, literalmente, um
personagem lateral da história
do cristianismo. Entra nela
quase como Pilatos no Credo.
Aliás, entra junto com Pilatos, pois na mesma ocasião em
que a massa decide que Cristo
deve ir para a cruz, quem se livra dela é Barrabás.
Esse personagem secundário
deu ocasião a uma das mais belas superproduções bíblicas,
"Barrabás" (TCM, 16h30,
classificação indicativa: livre),
de Richard Fleischer.
Esse Olimpo da mitologia do
nascimento do cristianismo está povoado de deuses bons e
maus, de forças extremas se enfrentando. Cristo está cercado
dos seus. Não são irretocáveis
(que o diga Pedro, com suas
três negações etc.), mas o poder
de Cristo os redime, os santifica
mesmo na fraqueza.
Do outro lado estão os que
têm todo o poder do mundo,
como os romanos, ou do Velho
Testamento, os sacerdotes, os
fariseus. Os vilões da história.
O único que de fato se parece
conosco é Barrabás.
Falível, não lhe basta carregar as culpas da existência, ainda tem de carregar no lombo a
morte de Cristo.
Não é pouco para um homem
comum. Daí "Barrabás" não ser
um exercício de fé, como a
maior parte dos filmes desse
gênero, mas de verdadeira espiritualidade.
A trajetória de um homem
rumo à salvação, à improvável
salvação, é uma epopeia talvez
maior que a dos deuses. Eis aí,
ainda hoje, um belo programa
de Páscoa.
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