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CRÍTICA/MPB
Leny Andrade e Romero Lubambo se reencontram em grande forma
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
U ma década após "Coisa Fina", Leny Andrade e Romero Lubambo se encontram de novo em disco. Construído em muitos shows pelo mundo, o entrosamento entre os dois é impressionante, havendo pouco desperdício nos improvisos de ambos.
"O negócio funciona mesmo
entre a gente. Ele mata, eu esfolo",
brinca Leny. O CD foi gravado há
dois anos nos Estados Unidos e
chega agora ao Brasil.
Para a cantora, a diferença deste
para o disco anterior com o violonista está na forma da dupla ("Estamos melhores") e no repertório,
com mais inéditas.
Nesse grupo, estão duas boas
criações ("Quando Você Não
Vem" e "Lua do Arpoador") de
uma parceria que já está inativa:
Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de
Souza. E duas letras de Regina
Werneck: a fossa em tom bossa-nova "Assim Não Dá" (Kléber
Jorge) e a comovente "Beijo Distraído" (com Durval Ferreira).
E tem músicas que Leny chama
de semivirgens, por serem pouco
conhecidas. É o caso de "No Pedaço" (Moacyr Luz/Sérgio Natureza), um delicioso samba de exílio:
"Pai Dorival, bom te ouvir/ O teu
Brasil é o meu berço/ O de hoje eu
não reconheço".
Moacyr Luz (com Aldir Blanc)
também comparece com "Mandingueiro", paixão em comum de
Leny e Lubambo que é um dos
pontos altos do CD. Entra no grupo das faixas de alta velocidade,
assim como as clássicas "Influência do Jazz" (Carlos Lyra) e "Triste" (Tom Jobim), mais acelerada
do que o habitual. "Ficou uma
maluquice, com três voltas para
improviso", diverte-se Leny.
Ela abusa um pouco dos scats
em "Bluesette" (Toots Thielemans), mas mostra a grande intérprete de canções que é em
"Violão Vadio" (Baden Powell/
Paulo César Pinheiro) -clássico
ideal para Lubambo também brilhar e perfeito exemplar da intimidade da dupla.
"Estou com 46 anos de carreira
e 63 de vida. Se eu chegar aos 80
cantando direitinho assim, acho
que vai dar pé", projeta ela.
Lua do Arpoador
Artistas: Leny Andrade e Romero
Lubambo
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 32, em média
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