São Paulo, sábado, 12 de maio de 2007 |
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Livros/antigeração "Independentes", novos rejeitam rótulo
Autores ressaltam mudanças criadas pela internet, dizem que é mais fácil publicar e preferem seguir caminhos individuais
MARCOS STRECKER DA REPORTAGEM LOCAL "Fobia da influência". Essa é uma boa definição para uma nova geração de autores que começa a ser adotada pelas grandes editoras. Ao contrário do grupo que os precedeu, o conjunto de novos escritores está em sua maior parte buscando caminhos independentes, rejeita grandes influências e consegue mais visibilidade. A explosão dos blogs e o barateamento do custo de publicação são duas razões dessa maior exposição dos novos. Há um grande número de nomes aparecendo e a dificuldade, agora, parece ser o processo de amadurecimento. "Pelo número, fica evidente que nunca se publicou tanto", diz Daniel Galera, que ficou conhecido como o criador da microeditora Livros do Mal e é uma espécie de símbolo do jovem que conseguiu sair da produção caseira para uma grande editora. Para ele, nunca foi tão fácil publicar. "Hoje há uma tecnologia mais acessível e barata, com amigos tu consegue resolver", disse à Folha. Joca Reiners Terron, que também ficou conhecido por uma pequena editora alternativa, a Ciência do Acidente, concorda. "Tudo é muito mais barato, está ao alcance das mãos, as pessoas podem produzir seus livros sozinhas e dá para fazer a autodivulgação." Ao contrário dos anos 90, que viu pelo menos uma tentativa de movimento em torno da chamada Geração 90 [leia na página E6], os nomes atuais evitam classificação. "Eu me sinto parte da mesma fase [da Geração 90]", diz Galera, 27. Cecilia Giannetti, colunista da Folha e autora que vai publicar seu primeiro romance neste ano, é mais incisiva: "Para os escritores, esse debate [geracional] atrapalha, não gosto de procurar marcas iguais". Outra força para os novos é a internet. "Blog nem existia, publicar na internet já era notícia e isso nos ajudou", diz Galera. Daniel Pellizzari, que foi sócio de editora de Galera, concorda: "Já tínhamos público formado, isso foi importante para as editoras grandes, elas estão com um olhar mais atento". Giannetti também acha que a internet ajudou. "Hoje é mais fácil, o editor conta com novos métodos de filtragem como a internet. O pessoal das antigas ainda manda material impresso e encadernado. Agora, se chega por email, depois de três páginas você [o editor] já pode ter uma idéia". Para estimular o debate, a Folha reuniu em São Paulo quatro jovens escritores representativos dessa nova safra para falar sobre o que os une (ou separa), influências, internet e a batalha de quem tenta entrar no mercado. Foram convidados apenas autores de prosa: Carola Saavedra, Veronica Stigger, Santiago Nazarian e Ana Paula Maia. FOLHA - É possível hoje falar em uma nova geração de escritores? Existem pontos em comum ou de ruptura com os autores que já estão consolidados no mercado editorial? SANTIAGO NAZARIAN - É bobagem falar de geração, mas acho também bobagem desprezar totalmente, falar que não existe. Quem tem idades próximas, cresceu nos anos 80, sofreu muitas influências parecidas. Isso acaba se manifestando de alguma forma na literatura. Mas ao mesmo tempo acredito que todo autor procure alguma voz própria. A escrita tem muito a ver com o individualismo, é uma atividade supersolitária. Acho que são inevitáveis alguns traços em comum, principalmente nos temas. Não tanto na linguagem ou no estilo. ANA PAULA MAIA - Acho que não há influência de um autor ou de um grupo de autores. Posso dizer que tenho uma influência muito grande da cultura pop, do desenho animado "Caverna do Dragão", das novelas das oito... Eu me lembro que assistia a "A Pantera Cor-de-Rosa" tomando mamadeira. Cresci assistindo filmes de Jerry Lewis, de Elvis Presley, consumindo rock dos anos 80. CAROLA SAAVEDRA - Falar em influência é muito difícil, até porque muitas das influências que tive funcionaram de forma inconsciente. É difícil falar de uma geração, porque as pessoas estão escrevendo em linhas diferentes. Posso falar do que estou procurando. Me interessa a literatura como processo, a estrutura da narrativa. Trabalhar com isso, mais do que contar uma história. Para mim foram muito importantes autores hispano-americanos, chilenos, espanhóis. O Roberto Bolaño foi muito importante, o César Aira e o Ricardo Piglia. FOLHA - E quanto ao gênero? O romance policial e a violência parecem
ter influenciado os autores da geração anterior...
FOLHA - O que vocês acham da internet, dos blogs?
FOLHA - Ser escritor está na moda?
FOLHA - Com os custos menores,
não há uma menor dependência das
editores grandes? Antes só havia as
grandes, hoje há uma miríade de
editoras menores...
Colaborou MANUEL DA COSTA PINTO, colunista da Folha Texto Anterior: Horário nobre na TV aberta Próximo Texto: Frase Índice |
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