São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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PERSONALIDADE

Um dos maiores autores da geração pós-Borges, ficcionista e ensaísta foi vítima de câncer de pulmão

Escritor argentino Juan Saer morre aos 67

DA REDAÇÃO

O escritor argentino Juan José Saer morreu ontem aos 67 anos, vítima de câncer de pulmão. Estava internado em Paris há uma semana. Saer vivia na França desde 1968 e era colunista da Folha. Autor de romances, poemas, ensaios e contos, teve livros traduzidos em várias línguas e era considerado um dos maiores escritores argentinos da geração pós-Borges.
Saer nasceu em Serondino, na província de Santa Fé, em 1937, filho de imigrantes sírios. Parte significativa de sua formação intelectual, entre 1956 e 1962, ocorreu em Santa Fé e Rosário, onde conviveu com um grupo de escritores, músicos e pintores, dentre os quais, o poeta Juan L. Ortiz. Saer auto-exilou-se na França em 1968, depois de quatro livros publicados e uma juventude cinéfila. Ainda na Argentina, foi crítico de cinema e professor universitário de estética cinematográfica. Na França, tornou-se professor de literatura na Universidade de Rennes, cidade onde residia.
Saer escrevia regularmente na seção "Autores" do caderno Mais!, desde outubro de 2000. Sua última coluna foi publicada em 6/2 e nela defendia a importância da língua materna para a criatividade dos escritores, em detrimento de suas línguas de adoção. Ele veio algumas vezes ao Brasil. Em junho de 2003, por exemplo, participou de seminário em Brasília sobre vanguardas literárias com o poeta Haroldo de Campos.
A experiência do auto-exílio permitiu a Saer resistir às ilusões nacionalistas. Ele não julgava, por exemplo, a literatura latino-americana como representação de identidades nacionais. Ensaísta, também não se furtava a falar sobre política ("Brasil e Argentina estão condenados pela covardia de seus dirigentes", falou à Folha em 6/5/2002) e cultura ("O cinema argentino é um fenômeno. São filmes muito pobres em termos de produção, com uma estética quase neo-realista").
Saer recebeu em 1987 o Nadal, prêmio literário mais antigo da Espanha. Em 2004 recebeu o 15º prêmio Unión Latina de Literaturas Románicas. O escritor não compareceu à entrega do prêmio em Roma, em 24 de novembro, por motivos de saúde. Seu corpo deve ser enterrado hoje em cemitério no sul de Paris.
Entre seus livros lançados no Brasil estão "O Enteado" (Iluminuras), "A Pesquisa", "Ninguém Nada Nunca" e "A Ocasião" (os três últimos pela Companhia das Letras).


Com agências internacionais


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