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PERSONALIDADE
Um dos maiores autores da geração pós-Borges, ficcionista e ensaísta foi vítima de câncer de pulmão
Escritor argentino Juan Saer morre aos 67
DA REDAÇÃO
O escritor argentino Juan José
Saer morreu ontem aos 67 anos,
vítima de câncer de pulmão. Estava internado em Paris há uma semana. Saer vivia na França desde
1968 e era colunista da Folha. Autor de romances, poemas, ensaios
e contos, teve livros traduzidos
em várias línguas e era considerado um dos maiores escritores argentinos da geração pós-Borges.
Saer nasceu em Serondino, na
província de Santa Fé, em 1937, filho de imigrantes sírios. Parte significativa de sua formação intelectual, entre 1956 e 1962, ocorreu
em Santa Fé e Rosário, onde conviveu com um grupo de escritores, músicos e pintores, dentre os
quais, o poeta Juan L. Ortiz. Saer
auto-exilou-se na França em 1968,
depois de quatro livros publicados e uma juventude cinéfila. Ainda na Argentina, foi crítico de cinema e professor universitário de
estética cinematográfica. Na
França, tornou-se professor de literatura na Universidade de Rennes, cidade onde residia.
Saer escrevia regularmente na
seção "Autores" do caderno
Mais!, desde outubro de 2000. Sua
última coluna foi publicada em
6/2 e nela defendia a importância
da língua materna para a criatividade dos escritores, em detrimento de suas línguas de adoção. Ele
veio algumas vezes ao Brasil. Em
junho de 2003, por exemplo, participou de seminário em Brasília
sobre vanguardas literárias com o
poeta Haroldo de Campos.
A experiência do auto-exílio
permitiu a Saer resistir às ilusões
nacionalistas. Ele não julgava, por
exemplo, a literatura latino-americana como representação de
identidades nacionais. Ensaísta,
também não se furtava a falar sobre política ("Brasil e Argentina
estão condenados pela covardia
de seus dirigentes", falou à Folha
em 6/5/2002) e cultura ("O cinema argentino é um fenômeno.
São filmes muito pobres em termos de produção, com uma estética quase neo-realista").
Saer recebeu em 1987 o Nadal,
prêmio literário mais antigo da
Espanha. Em 2004 recebeu o 15º
prêmio Unión Latina de Literaturas Románicas. O escritor não
compareceu à entrega do prêmio
em Roma, em 24 de novembro,
por motivos de saúde. Seu corpo
deve ser enterrado hoje em cemitério no sul de Paris.
Entre seus livros lançados no
Brasil estão "O Enteado" (Iluminuras), "A Pesquisa", "Ninguém
Nada Nunca" e "A Ocasião" (os
três últimos pela Companhia das
Letras).
Com agências internacionais
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