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Sem medo de "egotrip", Fernanda Young leva "A Idéia" ao teatro
Escritora estréia na dramaturgia com "monólogo dadaísta" em que também atua
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi a Marisa Orth que canta e
faz graça no alto desta página
quem, indiretamente, empurrou Fernanda Young para o
palco. "Esta peça é a sua cara!",
disse a atriz, ao ler "A Idéia", de
Young e Alexandre Machado,
que estréia amanhã com a roteirista e romancista no papel
de uma mulher que vem a público apresentar uma idéia.
Ao ouvir o comentário de
Orth, conta Young, "a empolgada aqui falou: eu vou fazer. Foi
um blefe do qual depois não tive como sair fora". Formada
em artes cênicas no Rio pela
CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), ela havia feito comerciais, "uma série de Machado
de Assis" e uma ponta na novela "O Dono do Mundo" (91/92):
"Gostava de estudar teatro
muito mais pela observação
humana do que ocorria ao meu
redor do que por uma possível
intenção de me apresentar.
Sempre fui muito tímida".
Mas não para expor pensamentos: "Sou muito eufórica
com minhas idéias, mesmo por
que acho sensacional a coisa de
ter uma idéia: é um ato de esperança, é de uma boa vontade
com a humanidade... qualquer
idéia muda carmicamente o andamento das coisas".
Estrear em cena com um monólogo de sua própria lavra em
que a personagem, de saída,
solta um "não sabia que era tão
inteligente" pode soar para alguns como uma "egotrip"...
"Recebo esta crítica desde os
26 anos, quando eu lancei meu
primeiro romance e dizia que
ele era bom. Na época, todo
mundo me achava uma clubber, nunca pararam para olhar.
É como se os coronéis da cultura não permitissem que houvesse uma intelectual como eu.
Isso é ausência de auto-estima
nacional", dispara. "Às vezes,
lanço um programa de TV e neguinho esculhamba só porque
eu estou nele. Essa picuinha é
burra, tão década de 80..."
Mas, convenhamos: dar ao
texto a alcunha de "monólogo
dadaísta", como faz o material
de divulgação, é atiçar os críticos, não? "O termo me serve como alívio de isso [a peça] não
ser visto como algo que se leva
muito a sério. Por mais que pareça sério ser dadaísta, pelo
contrário: lembra que é apenas
uma maluquice, entendeu?"
A IDÉIA
Quando: estréia amanhã, às 21h30;
sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às
19h; até 10/8
Onde: teatro Vivo (av. Dr. Chucri Zaidan, 860, São Paulo, tel. 0/xx/ 11
3188-4141); classificação 14 anos
Quanto: R$ 60
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