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Álbum remixa e atualiza faixas de Carmen Miranda
Trabalho "veste" voz original da cantora com instrumentação moderna
Processo de gravação é o mesmo utilizado em música eletrônica e acrescentou sopros, cordas e percussão
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
Eles estavam mexendo em
um sacrário: os arranjos originais das gravações feitas
por Carmen Miranda (1909
-1955) na gravadora Odeon,
na década de 1930, criados
então por Benedito Lacerda e
outros mestres do instrumental brasileiro.
Sob a coordenação do violonista e cavaquinista carioca Henrique Cazes, 51, os músicos Luís Filipe de Lima (violão de sete cordas), Beto Cazes (percussão), Dirceu Leite
(sopros) e Ovídio Brito (cuíca) entraram em estúdio e
acrescentaram seus instrumentos às faixas históricas.
O disco "Carmen Miranda
Hoje", que chega às lojas, é o
resultado dessa experiência.
Traz versões "remixadas
acusticamente" de 12 clássicos da Pequena Notável, como "Uva de Caminhão", "No
Tabuleiro da Baiana", "O que
É que a Baiana Tem", "...E o
Mundo Não se Acabou" e
"Adeus Batucada".
O método a que recorreram é o usado em remixes de
música eletrônica: os fonogramas originais são abertos
em programa de edição de
áudio e, sobre eles, são gravadas as intervenções.
Graças a isso, as novas versões ganharam entre 40 segundos a 1 minuto de duração em relação às originais.
"A ideia era não ter pudor
nenhum [de modificar], não
precisava ficar 100% fiel ao
que aconteceu na [gravação]
original", diz Henrique Cazes. "O importante era colocar a tecnologia de gravação
moderna a serviço da voz de
Carmen e trazê-la para hoje."
ATEMPORAL
Biógrafo de Carmen Miranda e coprodutor do disco
de remixes, o jornalista Ruy
Castro, 62, desarma quem
possa considerar heresia esse tipo de intromissão em
material histórico.
O argumento: estão de volta, graças à "vestimenta"
criada por Cazes e seus músicos, os sons graves e agudos
que se ouvia na década de
1930, quando Carmen cantava ao vivo, mas que a tecnologia de então não era capaz
de imprimir em disco.
"A proposta era mostrar
que, substituído o som "antigo" das gravações, Carmen é
atemporal", diz Castro.
"Carmen Miranda -quem
diria?- voltou a tocar no rádio aqui no Rio. Três músicas", conclui Cazes. "A gente
bem que estava precisando
de uma cantora de samba
melhor do que essas todas
que andam por aí."
Ruy Castro lança o disco
em Portugal, terra natal da
cantora, durante a exposição
"A Nossa Carmen", que estreia por lá no dia 18.
Com curadoria dele e direção de arte de Luiz Stein, a
mostra terá cerca de 600 imagens, dois documentários,
quatro vídeos e uma jukebox
tocando continuamente.
"Vou estar lá no dia do jogo entre Brasil e Portugal",
diz Castro. "Rezo para que os
dois países já estejam classificados. Não quero que haja
atrito com o símbolo do Brasil que é Carmen Miranda."
CARMEN MIRANDA HOJE
ARTISTA Carmen Miranda
LANÇAMENTO Biscoito Fino
QUANTO R$ 34,90
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