São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FATWA

Salman Rushdie contou que houve várias tentativas fracassadas de cumprimento de sua sentença de morte. Descreveu os anos em que sofreu intensa perseguição política, narrando as artimanhas armadas pelo serviço secreto para protegê-lo. "Não foi exatamente me esconder, como diziam os jornais. Não me tornei invisível. Pelo contrário: era uma operação de segurança máxima, muito opressiva, que me separava do mundo e me tirava a capacidade de agir espontaneamente".
"Lembro-me de um dia em que a polícia francesa fechou a Praça da Concórdia, em Paris, para que meu carro passasse. Via as pessoas nos cafés, e me perguntava se algum dia voltaria a ser como elas", narrou.
A partir dessa experiência, disse ter se tornado um expert em agências de inteligência. "Agora, acho que posso escrever uma história no estilo de John Le Carré", brincou, citando o autor de vários best-sellers da literatura de espionagem.
Mais sério, confessou que chegou a cogitar se não seria melhor "começar a escrever romances medrosos ou sobre traições em famílias de classe média", ou livros de vingança, declarando que uma e outra forma seriam derrotas. "Decidi continuar na minha própria estrada. Na história da literatura, muitos resistiram corajosamente, como Dostoievski e Jean Genet. Eu aprendi que, sim, tive problemas, mas não é desculpa para não fazer meu trabalho".


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Índia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.