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Galerias e casas viram palco de shows
Bandas independentes de São Paulo procuram locais que estão fora do circuito tradicional de apresentações ao vivo
Norte-americano Tommy Guerrero tocou na semana passada em um espaço na Vila Madalena que abriga uma galeria de arte e café
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A designer Patricia Coli, 27,
queria armar algo não convencional para promover as camisetas que criava. Como não tinha muita grana para gastar,
chamou a banda Comma e fez
um show no seu apartamento.
Com a presença de alguns
amigos, equipamento improvisado e estrutura perto do zero,
Coli ganhou elogios e decidiu
prosseguir com a ideia. De dois
anos para cá, ela organiza bazares de moda em que promove a
apresentação ao vivo de grupos
independentes.
Na semana passada, por
exemplo, a designer organizou
um show da banda instrumental Elma na casa de sua avó.
"Hoje eu sempre chamo músicos para tocarem nos bazares
que organizo. Assim você junta
os amigos em um lugar legal,
toma cerveja por um preço justo e ainda conhece uma banda."
Assim, casas particulares, lojas e galerias paulistanas tornaram-se palcos de shows descompromissados e intimistas.
No domingo passado, o norte-americano Tommy Guerrero, um ex-skatista que virou um
elogiado roqueiro, tocou no Espaço Soma, lugar inaugurado
em abril, na rua Fidalga, na Vila
Madalena, que abriga a Redação de uma revista (a +Soma;
cuja tiragem de 10 mil exemplares é distribuída gratuitamente), galeria de arte e café.
"Queríamos nos conectar
com nosso público, que as pessoas presenciassem algumas
experiências que colocamos na
revista", explica Tiago Moraes,
32, um dos sócios do local.
Os shows no Espaço Soma
ocorrem semanalmente, normalmente aos sábados. O ingresso para assistir a nomes nacionais custa em torno de R$
10. O local tem capacidade para
receber até 250 pessoas.
"É um espaço de convivência,
que atrai e une as pessoas. Como um ponto de encontro."
Mais pessoal
A intenção de promover um
diálogo mais pessoal com o público é o que motiva empresas
como Apple e HMV a promover
shows intimistas em suas lojas
(leia texto nesta página). É um
exemplo seguido pela American Apparel, que em sua unidade da rua Oscar Freire abrigou
performances de nomes como
Some Community e Inverness.
"Eu lia em livros e revistas
sobre como o Fugazzi e o Beat
Happening [cultuadas bandas
independentes dos EUA] faziam seus shows há um tempo.
E queria fazer algo parecido por
aqui", conta o produtor musical
Eduardo Ramos, 31.
Com a ideia na cabeça, ele já
montou eventos em parque, no
salão União Fraterna, no bairro
da Lapa, e em casas de amigos.
O produtor americano Dan
Deacon, após tocar no Tim Festival no ano passado, fez uma
apresentação para 40 pessoas
em uma residência próxima ao
parque Ibirapuera.
"As pessoas querem experimentar coisas diferentes. O formato tradicional de shows está
ficando chato", diz Ramos.
Um dos locais que não parece
estar ficando chato, pelo contrário, é a Casa do Mancha, na
Vila Madalena. Ali, em uma travessa da movimentada r. Fradique Coutinho, pode-se beber
cerveja e assistir a shows de nomes como Monique Maion.
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