São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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Eme-te-vê continua em forma com corpinho de 18

MARCELO TAS

ESPECIAL PARA A FOLHA

O tempo na TV passa tão rápido que nós, que vivemos dentro do tubo, levamos vida de cachorro. Cada ano vale sete. Por isso 50 anos de televisão no Brasil equivalem a 350. E a MTV, em vez de dez, deveria comemorar 70 anos de vida! E pelo VMB 2000 de anteontem, a emissora continua em forma com corpinho de 18.
Foi o primeiro a que assisti de casa. E daqui, longe dos longuíssimos minutos de espera entre um break e outro na transmissão, me pareceu o melhor show da história dos VMBs.
O VMB é a mais genuína celebração televisiva da música brasileira. Com todos os seus sotaques, preciosidades, originalidade e esquisitices. Que programa de TV consegue reunir num palco Caetano e Leandro do Art Popular e logo depois Sandy e Júnior? É legal também ver Marisa Monte no mesmo palco em que tocou Planet Hemp. E o Rappa levar todos os prêmios da noite, com direito a presença dos manos da favela, atores-personagens do videoclipe, e do escritor-diretor Paulo Lins no palco. Para não falar da dupla mais inusitada e aplaudida da noite: Chorão e Jair Rodrigues.
Para quem gosta de falar mal de TV (e isso já virou um esporte nacional), entrega de prêmio é um prato cheio. É um tipo de espetáculo tão difícil que nem os americanos ainda conseguiram resolver o Oscar.
Sempre acontecem as escorregadas de figurino. E o inevitável desgaste do apresentador. Um vestidão verde-limão, modelito axé, com uma fenda do lado, quase derruba Luana. Mas o roteiro resolveu a questão, poupando a imensa loura de pagar um mico. Deixou com ela apenas a tarefa de se divertir na festa, o que parece ser especialidade da moça. Deu certo.
O forte do espetáculo continua a mistureba do casting de apresentadores. Em que outra reencarnação vão se encontrar novamente as almas de lutador Popó (com óculos de Paulo Francis) e de Lilian Witte Fibe (magra como uma modelo faminta).
Este ano teve mais bônus: Guga saindo da quadra ao vivo de Cinccinati; e Pedro Almodóvar apresentado o clipe de melhor direção. E os hilários comerciais ao vivo.
A MTV continua também com o troféu pela melhor programação gráfica da TV brasileira. Pelo menos dez anos à frente das outras. Por quê? Simplesmente por acreditar que existe algo além do Hans Donner. E colocar equipamento e responsabilidade na mão de uma molecada talentosa como o diretor de arte Jimmy Leroy.
O fato de a MTV ter se tornado "brasileira" e ter uma "pequena audiência", como saiu aqui na Folha anteontem, talvez explique o seu sucesso comercial, único entre as MTVs pelo mundo. E, como o tempo na TV passa bem rápido, talvez seja hora de entendermos que a TV não vive só de Gugu x Faustão.


Marcelo Tas é apresentador e diretor do Vitrine, da TV Cultura


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