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Eme-te-vê continua em forma com corpinho de 18
MARCELO TAS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O tempo na TV passa tão rápido que nós, que vivemos
dentro do tubo, levamos vida de
cachorro. Cada ano vale sete. Por
isso 50 anos de televisão no Brasil
equivalem a 350. E a MTV, em vez
de dez, deveria comemorar 70
anos de vida! E pelo VMB 2000 de
anteontem, a emissora continua
em forma com corpinho de 18.
Foi o primeiro a que assisti de
casa. E daqui, longe dos longuíssimos minutos de espera entre um
break e outro na transmissão, me
pareceu o melhor show da história dos VMBs.
O VMB é a mais genuína celebração televisiva da música brasileira. Com todos os seus sotaques,
preciosidades, originalidade e esquisitices. Que programa de TV
consegue reunir num palco Caetano e Leandro do Art Popular e
logo depois Sandy e Júnior? É legal também ver Marisa Monte no
mesmo palco em que tocou Planet Hemp. E o Rappa levar todos
os prêmios da noite, com direito a
presença dos manos da favela,
atores-personagens do videoclipe, e do escritor-diretor Paulo
Lins no palco. Para não falar da
dupla mais inusitada e aplaudida
da noite: Chorão e Jair Rodrigues.
Para quem gosta de falar mal de
TV (e isso já virou um esporte nacional), entrega de prêmio é um
prato cheio. É um tipo de espetáculo tão difícil que nem os americanos ainda conseguiram resolver
o Oscar.
Sempre acontecem as escorregadas de figurino. E o inevitável
desgaste do apresentador. Um
vestidão verde-limão, modelito
axé, com uma fenda do lado, quase derruba Luana. Mas o roteiro
resolveu a questão, poupando a
imensa loura de pagar um mico.
Deixou com ela apenas a tarefa de
se divertir na festa, o que parece
ser especialidade da moça. Deu
certo.
O forte do espetáculo continua a
mistureba do casting de apresentadores. Em que outra reencarnação vão se encontrar novamente
as almas de lutador Popó (com
óculos de Paulo Francis) e de Lilian Witte Fibe (magra como uma
modelo faminta).
Este ano teve mais bônus: Guga
saindo da quadra ao vivo de Cinccinati; e Pedro Almodóvar apresentado o clipe de melhor direção.
E os hilários comerciais ao vivo.
A MTV continua também com
o troféu pela melhor programação gráfica da TV brasileira. Pelo
menos dez anos à frente das outras. Por quê? Simplesmente por
acreditar que existe algo além do
Hans Donner. E colocar equipamento e responsabilidade na mão
de uma molecada talentosa como
o diretor de arte Jimmy Leroy.
O fato de a MTV ter se tornado
"brasileira" e ter uma "pequena
audiência", como saiu aqui na Folha anteontem, talvez explique o
seu sucesso comercial, único entre as MTVs pelo mundo. E, como
o tempo na TV passa bem rápido,
talvez seja hora de entendermos
que a TV não vive só de Gugu x
Faustão.
Marcelo Tas é apresentador e diretor do
Vitrine, da TV Cultura
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