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4ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATI
Tariq Ali critica Israel e é vaiado na Flip
Parte da platéia de debate na festa literária de Parati reprova fala do autor anglo-paquistanês contra ataques no Líbano
Escritor, que fará obra sobre a América Latina, declara ser admirador de Chávez e diz que Lula ignorou os que o elegeram e cedeu ao FMI
EDUARDO SIMÕES
MARCOS STRECKER
SYLVIA COLOMBO
ENVIADOS ESPECIAIS A PARATI
As coisas não saíram bem como Tariq Ali esperava. Intelectual de esquerda que virou espécie de pop star por fazer duros e repetitivos ataques aos governos Bush e Blair, o escritor
anglo-paquistanês foi vaiado
mais de uma vez em sua apresentação, ontem, na Festa Literária Internacional de Parati.
Uma delas foi quando leu o
manifesto, preparado por ele,
Toni Morrison, Alonso Cueto e
Mourid Barghouti, contra a
ação de Israel no Líbano; a outra, quando sugeriu que Israel
acabaria sendo implodido a
partir de dentro.
Aplaudido ao ser apresentado pela organizadora do evento, a britânica Liz Calder, como
o "principal intelectual de esquerda do Reino Unido", Ali
disse que falaria de literatura,
mas que era impossível separá-la da política.
Para exemplificar, enumerou
escritores latino-americanos
que viraram políticos, como
Rómulo Gallegos, que foi presidente da Venezuela, e Mario
Vargas Llosa, que concorreu à
Presidência do Peru.
O interesse de Tariq Ali pela
América Latina cresceu nos últimos tempos. O autor trabalha
atualmente num livro que deve
se chamar "Os Piratas do Caribe" e que vai abordar experiências recentes da esquerda no
continente, principalmente a
de Hugo Chávez -o escritor diz
ser grande admirador do atual
governo venezuelano.
Questionado sobre o Brasil,
disse que o PT foi afetado pela
doença do dinheiro e do poder.
Também, que Lula, depois de
eleito, tinha duas alternativas:
ou fazer o que as pessoas que o
elegeram queriam ou o que desejavam as que não o haviam
eleito, cedendo às pressões do
FMI e Banco Mundial. E que
preferiu a segunda opção.
O escritor defendeu, ainda,
que se faça uma campanha internacional para que mais livros sejam traduzidos, pois disso depende a consciência política das pessoas. "É preciso entender os mecanismos de controle sobre o que é publicado, o
que não é e a razão." Chamou a
atenção para a crescente importância da língua espanhola
no mundo. "Uma coisa sabemos ao certo, é que três línguas
chegarão até o fim deste século:
o inglês, o espanhol e o chinês."
Sobre os EUA, seu alvo preferido, Ali disse que esta é a única
vez na história em que o mundo
é governado por um só império.
"E esse império está sendo encabeçado por pessoas que não
são sérias." Disse que Bush, por
ser frágil, cercou-se de uma espécie de politburo que diz o que
ele deve fazer. Quanto ao Iraque, afirmou que é "evidente
que a operação falhou, basta
olhar para constatar".
O manifesto apresentado ontem contém três itens. Pede,
em primeiro lugar, "a retirada
imediata das tropas israelenses
do Líbano, a libertação de todos
os prisioneiros palestinos e
árabes das prisões israelenses,
incluindo os representantes
eleitos do povo palestino, assim
como a libertação dos três soldados israelenses, e o fim da
ocupação do Iraque e dos territórios palestinos ocupados".
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