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crítica
Documentário escancara frustrações
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
A série "Em Cuba" é
instrutiva para
quem ainda apóia
a inusitada eficiência do
governo brasileiro em deportar os dois boxeadores
cubanos que desertaram
no Pan. Sair da ilha, custe o
que custar, está na boca da
maioria dos entrevistados.
Felipe Lacerda, co-diretor de um dos documentários mais corajosos sobre a
realidade social brasileira,
"Ônibus 174" (2002), também foge do clichê turístico "os cubanos são pobres,
mas felizes". Mostra o que
é miséria sem democracia
e dá voz a quem já cansou
de defender a Revolução.
Do médico que morou
na Nicarágua por dois
anos e quer voltar a deixar
Cuba ao artista que relata
seu desemprego crônico
desde que criticou o governo, vários cubanos escancaram no documentário
suas casas e frustrações.
Na distribuição de senhas na fila para conseguir
telefone, cubanos contam
que é necessária uma carta
de recomendação do Partido Comunista ou do Comitê de Defesa da Revolução para ter o aparelho.
Uma fiscal do comitê,
para quem Fidel é "nosso
guia", chama a "polícia
ideológica", que interroga
por quatro horas o documentarista. Com exceção
das lições de Nena, ditadas
à câmera, dos demais só ficam incertezas.
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