São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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crítica

Documentário escancara frustrações

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

A série "Em Cuba" é instrutiva para quem ainda apóia a inusitada eficiência do governo brasileiro em deportar os dois boxeadores cubanos que desertaram no Pan. Sair da ilha, custe o que custar, está na boca da maioria dos entrevistados.
Felipe Lacerda, co-diretor de um dos documentários mais corajosos sobre a realidade social brasileira, "Ônibus 174" (2002), também foge do clichê turístico "os cubanos são pobres, mas felizes". Mostra o que é miséria sem democracia e dá voz a quem já cansou de defender a Revolução.
Do médico que morou na Nicarágua por dois anos e quer voltar a deixar Cuba ao artista que relata seu desemprego crônico desde que criticou o governo, vários cubanos escancaram no documentário suas casas e frustrações.
Na distribuição de senhas na fila para conseguir telefone, cubanos contam que é necessária uma carta de recomendação do Partido Comunista ou do Comitê de Defesa da Revolução para ter o aparelho.
Uma fiscal do comitê, para quem Fidel é "nosso guia", chama a "polícia ideológica", que interroga por quatro horas o documentarista. Com exceção das lições de Nena, ditadas à câmera, dos demais só ficam incertezas.

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