São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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Stoker lança continuação de "Drácula"

Sobrinho-bisneto de Bram Stoker, criador do livro original, reconstrói universo do clássico com referências atuais

Autor diz que troca da narrativa epistolar do original pela terceira pessoa em sua versão deixou livro "mais fácil"

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

O sobrenome não deixa dúvidas: Dacre Stoker, canadense, 51 anos, radicado nos EUA, é sobrinho-bisneto do mais famoso Stoker, Bram.
Em parceria com o roteirista Ian Holt, aficionado por vampirismo, resolveu dar continuidade à obra imortalizada por Bram.
"Drácula, o Morto-Vivo", começa em 1912, 15 anos depois de Bram ter colocado ponto final na história.
Após intensa pesquisa nos materiais originais de Bram, Drace retoma os personagens do romance original com novas características.
Van Helsing, o destemido caçador de vampiros, agora é um velho à beira da morte.
Drace estará amanhã na Bienal, em mesa sobre o vampirismo. Na entrevista a seguir, feita por e-mail, ele fala do processo de escrita do livro e analisa o permanente sucesso dos vampiros.

Folha - Quanto tempo gastou na pesquisa para escrever o livro? Drace Stoker - Ian [Holt] e eu levamos seis anos para escrever a história. Tivemos que fazer um monte de pesquisas para tornar a história autêntica. "Drácula" de Bram Stoker, foi assustador porque aconteceu em tempo real, foi escrito em 1897 e também aconteceu em 1897.

Você usou notas e plots deixados pelo próprio Bram Stoker na edição original? Encontrei 125 páginas de notas de pesquisas de Bram no Museu Rosenbach, na Filadélfia. Também havia anotações de algumas das ideias de Bram para o romance, mas que não foram desenvolvidas o suficiente para entrar no livro. O nome de nosso livro também veio dessas notas: "Drácula, o Morto-Vivo" era o nome que Bram havia originalmente concebido como o título de seu livro.

Quais as principais alterações em relação ao original? Em primeiro lugar, a fusão entre o conde Drácula original com o histórico príncipe Drácula que o mundo veio a conhecer como Vlad Dracula, governante romeno do século 15. Na história de Bram, o Drácula tem presença sinistra muito forte, mas não aparece em muitas páginas. Demos ao vampiro a chance de contar seu lado da história.

Tem medo da reação dos puristas fãs do Drácula? Não tenho medo, mas estou ciente do fato de que o livro não será capaz de agradar a todos. O estilo epistolar em que Bram escreveu ficou hoje muito datado. Isto pode, obviamente, perturbar muitos dos puristas, mas acho que nosso estilo de narrativa em terceira pessoa deixou o texto muito mais fácil de ler.

Por que os vampiros exercem tanto fascínio até hoje? Vampiros, mesmo em formas diferentes, tocam em temas nos quais pensamos em vários momentos da vida, como morte e imortalidade. A religião responde de forma muito formal a estas questões. Os vampiros nos oferecem uma maneira mais fantástica de abordá-las.

Por que você usa referências ao Titanic? O Titanic afundou na mesma semana em que Bram morreu na vida real. O naufrágio ofuscou a oportunidade de a mídia colocar foco em realizações de Bram em sua vida. Quisemos dar-lhe a chance de ser mais conhecido como pessoa.


DRÁCULA, O MORTO-VIVO
AUTORES Dacre Stoker e Ian Holt
TRADUÇÃO Alexandre Martins Morais
EDITORA Ediouro
QUANTO R$ 49,90 (480 págs.)




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