|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Canadense revela o lado ativista do criador da "Playboy"
Documentário enfoca como Hugh Hefner lutou pela igualdade dos negros e pela liberdade de expressão
Diretora fez mais de 12 horas de entrevista com o solteirão e deixou de lado as coelhinhas e a sucessão da revista
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
Hugh Hefner, o vovô de
roupão vermelho acompanhado de loiras saradas, tem
um passado rebelde.
E não é só pelo fato de ter
criado a revista "Playboy" e
lutado contra o puritanismo
americano. Hefner, 84, foi
um paladino pela liberdade
de expressão e pelos direitos
civis dos negros, numa jornada que começou nos anos 50.
É esse lado ativista, e não o
lado polígamo que guarda
Viagra no banheiro, que interessa à canadense Brigitte
Berman, ganhadora do Oscar
por um filme sobre o músico
Artie Shaw em 1985.
Berman acaba de estrear
nos EUA "Hugh Hefner: Playboy, Ativista e Rebelde", um
documentário de mais de
três horas, ainda sem distribuição no Brasil, sobre um
dos editores mais influentes
do século 20 e sua coleção de
atos heroicos.
Como, por exemplo, quando usou o "Big Bunny", seu
jatinho particular, para "distribuir" bebês órfãos do Vietnã pelos EUA. E adivinha
quem ele escalou para cuidar
dos infantes na jornada?
Mas o time de coelhinhas
não ganha muito destaque
no filme. Nem suas ex-mulheres ou seus filhos, possíveis herdeiros. Aliás, não se
fala nada sobre o futuro da
revista. Recentemente, Hefner fez uma oferta para comprar a parte da empresa que
já não mais lhe pertence.
IMPÉRIO
Hoje, a "Playboy" é um império internacional, com diversos produtos licenciados
e programa de TV. É o que
mantém a revista, cujas vendas foram do ápice de 7 milhões de unidades vendidas
por mês nos anos 70 para
uma circulação de 2 milhões.
"Eu não acho que exista alguém que tenha apenas um
lado, uma faceta. Queria
mostrar um Hugh Hefner que
você não vê nas festas", disse
à Folha a diretora, que costuma frequentar as sessões de
cinema na mansão do magnata em Los Angeles.
Ela fez mais de 12 horas de
entrevistas com Hefner, além
de vasculhar imagens raras
dos programas de TV que ele
conduziu no final dos anos
50 reunindo músicos negros
e convidados brancos, mistura explosiva para a época.
"Sabe, ele não sai nas ruas
de roupão. Mas esse é o lado
playboy que ofusca o resto."
A revista, fundada em
1953, quase saiu com o nome
de "Stag Party", algo como a
festa do solteiro ou do veado.
"Bem na última hora decidimos mudar o veado pelo coelho. E, se não tivéssemos, dificilmente estaríamos aqui hoje", conta Hefner no filme.
Texto Anterior: Vinhos: Decanter Wine Show reuniu 70 produtores em SP Próximo Texto: Folha.com Índice
|