São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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FILMES

TV PAGA

Comédia evoca a Hollywood dos anos 60

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Podemos dizer de "Abaixo o Amor" que é um mero carbono de "Médica, Bonita e Solteira", bela comédia feita por Richard Quine no começo dos anos 60.
Mas podemos ver a coisa com mais generosidade. Quando vemos uma comédia dos anos 60, podemos observar um momento em que os costumes sexuais começavam a mudar. Daí que observamos uma sexóloga lançando um livro e fazendo muito sucesso. E, ao mesmo tempo, um jornalista marrom disposto a mais ou menos tudo para desmoralizá-la.
É a luta do homem para manter o domínio sobre o mundo e, ao mesmo tempo, a luta dos reacionários contra os novos costumes.
Ora, como isso poderia nos interessar no século 21? Nesse meio tempo veio a pílula, a maternidade tornou-se uma opção e a profissionalização feminina hoje é praticamente compulsória.
No entanto, interessa. Interessa, entre outras coisas, porque aqui não é mais desses problemas que se trata. A evocação é que é o centro de tudo.
O que "Abaixo o Amor" nos traz de volta é, antes de mais nada, um momento de grandeza de Hollywood. Era quando os filmes aspiravam retratar a vida de pessoas comuns (ou encontrar o que há de incomum em nós comuns). Hoje aspira a retratar gnomos e congêneres.
Não só isso: vivemos no pós-pílula, no pós-feminismo, no pós-tudo. No entanto, o combate entre Renée Zellweger e Ewan McGregor está aí para nos lembrar que afinal não mudamos tanto assim: homens e mulheres continuam a se encontrar, a amar, a sofrer -tudo como antes.
Se a história parecer previsível, é o caso de o espectador não se aborrecer com isso. O êxito dessas comédias, nos anos 60, vinha em boa parte de sua previsibilidade.


ABAIXO O AMOR. Quando: hoje, às 15h20, no Telecine Premium.

TV ABERTA

Primeiro 007 define os parâmetros da série toda

007 contra o Satânico Dr. No
SBT, 12h25.

(Dr. No). Inglaterra, 1962, 111 min. Direção: Terence Young. Com Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Wiseman. O primeiro 007 é o filme que define todos os parâmetros: o tipo de James Bond, o gosto por "gadgets", mulheres bonitas, velocidade e modernidade em geral. E também os supervilões, como o dr. No. Nada, no entanto, equivale à saída da água de Ursula Andress, antológica.

Ace Ventura 2 - Um Maluco na África
Globo, 13h05.

(Ace Ventura: When Nature Calls). EUA, 1995, 90 min. Direção: Steve Oedekerk. Com Jim Carrey, Ian McNeice. O primeiro "Ace Ventura" era uma bobagem, mas tinha certo encanto. Aqui, Ace Ventura vira produto, vai à África e sai em busca de um animal sagrado dos nativos. Enfim, desce a ladeira.

O Santo Milagroso
Cultura, 16h30.

Brasil, 1966, 115 min. Direção: Carlos Coimbra. Com Leonardo Villar, Dionísio Azevedo. Um padre e um pastor, com muitas divergências religiosas, têm de se encontrar às escondidas para exercitar sua paixão comum, o xadrez. Em certa ocasião, para não serem descobertos, o pastor tem de se esconder sob a imagem de um santo. Nasce daí a série de mal-entendidos, de que se nutre esta comédia social-religiosa.

A Vingança do Mosqueteiro
Record, 20h15

(The Musketeer). EUA, 2001, 104 min. Direção: Peter Hyams. Com: Catherine Deneuve, Mena Suvari, Tim Roth, Stephen Rea e Justin Chambers. Em busca de vingança pelo assassinato de seus pais, o jovem D'Artagnan retorna à sua cidade natal para integrar a guarda de elite dos mosqueteiros do rei.

Shiner
Bandeirantes, 21h45.

Inglaterra, 2000, 99 min. Direção: John Irvin. Com Michael Caine, Frances Barber, Matthew Marsden. Vigarista (Caine) conta com o filho (Marsden), lutador de boxe, para tirar o pé da lama. Mas, numa luta em que tem como certa a vitória do rapaz, ele perde. Haveria motivos escusos por trás disso?

Bater ou Correr
SBT, 22h35.

(Shangai Noon). EUA, 2000, 110 min. Direção: Tom Dey. Com Jackie Chan, Owen Wilson, Lucy Liu. Guarda imperial chinês acaba no Velho Oeste, em busca da princesa seqüestrada por malfeitores. Faroeste, mais caratê, mais comédia.

A Sombra do Vampiro
Globo, 0h35.

(Shadow of the Vampire). EUA/ Inglaterra, 2000, 83 min. Direção: E. Elias Merhige. Com Willem Dafoe, John Malkovich. Em 1922, F.W. Murnau (Malkovich) filma o clássico "Nosferatu", em que Max Schreck (Dafoe) interpreta o célebre vampiro. Homenagem ao realista obsessivo que foi Murnau. Belo filme. Inédito.

O Mais Longo dos Dias
Bandeirantes, 0h45.

(The Longest Day). EUA, 1962, 170 min. Direção: Ken Annakin, Andrew Barton, Bernhard Wicki, Darryl Zanuck, Gerd Oswald. Com John Wayne, Rod Steiger, Robert Ryan, Robert Mitchum, Henry Fonda. Embora reunindo um número quase infinito de diretores, este é um projeto personalíssimo do produtor Darryl Zanuck. Além dos nomes citados acima, o elenco, realmente "all star", é de tirar o fôlego. O filme, ao contrário, que descreve com minúcias os preparativos e peripécias da invasão da Normandia em junho de 1944, o célebre Dia D, arrasta-se penosamente. Em outros tempos, ganhou uma frase antipublicitária criada por cinéfilos: "O mais longo dos dias e o mais chato dos filmes". Em todo caso, produção cuidadíssima e de muito sucesso a seu tempo. P&B. (IA)

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