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Festival de Toronto aplaude as atrizes-cantoras de "Antonia"
Filme de Tata Amaral recebe elogios em sua primeira exibição pública, realizada durante a mostra canadense; Karim Aïnouz apresenta "O Céu de Suely"
EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A TORONTO
Terceiro longa-metragem de
Tata Amaral, "Antonia" foi
bem-recebido por crítica e platéia em sua primeira sessão pública, realizada no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Retrato de quatro cantoras da periferia de São Paulo, o
filme tem "atuações arrebatadoras", segundo a revista
"Screen", a mais imediata baliza para a imprensa internacional durante festivais. E recortes
interessantes sobre a vida de
suas protagonistas, que tentam
formar um grupo de rap em
meio aos problemas cotidianos.
A "Screen" ressalva, entretanto, que falta "profundidade"
à obra de Tata Amaral, o que
tornaria difícil sua comercialização no mercado internacional, ainda que venha embalado
com o selo "dos mesmos realizadores de "Cidade de Deus'".
Na exibição em Toronto, na
sexta, o que se viu foi uma reação calorosa da platéia, na forma de risadas, aplausos e até alguns soluços. E justamente por
conta do poder de fogo, em cena, de Leilah Moreno (Barbarah), Negra Li (Preta), Quelynah (Mayah) e Cindy (Lena),
atrizes-cantoras cuja intimidade com a câmera e a trilha sonora são, também segundo a
"Screen", destaques do filme.
Numa das cenas mais aplaudidas, o quarteto canta "Killing
me Softly", de Roberta Flack.
Tata conta que a música foi incluída no filme porque era referência musical importante para
as quatro cantoras, ainda que
na regravação de Lauryn Hill. A
empatia foi tanta que espectadores perguntaram se as cantoras haviam trabalhado juntas
antes do filme. E se o que se viu
na tela era uma história real.
"Esse é o melhor elogio que
posso ter, porque eu sou uma
pessoa de 45 anos, branca, de
classe média, que fez um filme
sobre jovens negras da periferia e conseguiu passar impressão de ser uma história verdadeira. É um elogio que essa dúvida paire", disse Tata.
Visualmente "quente" como
"Cidade de Deus", "Antonia"
também seguirá uma trajetória
de migração para a TV, como o
filme de Meirelles. O seriado
"Antonia" terá o mesmo elenco
e estreará na Globo em 17 de
novembro -o filme, no entanto, só chegará aos cinemas brasileiros no início de 2007.
Aïnouz
No sábado, foi a vez de Karim
Aïnouz ("Madame Satã") apresentar mais uma brasileira à
platéia de Toronto. "O Céu de
Suely", que o diretor lançou no
Festival de Veneza, conta a história de Hermila (Hermila
Guedes), mãe solteira aos 22,
que decide rifar "uma noite no
Paraíso" para fugir de sua cidade, no Nordeste brasileiro.
Após a sessão, Aïnouz disse à
platéia que o Brasil é "complicado no sentido ético e moral",
mas que a atitude de sua personagem tem mais a ver com confrontação e o sonho de uma vida melhor. "Tanto que ela não
assalta, não rouba um banco,
quando precisa de dinheiro. Ela
usa o próprio corpo."
O repórter EDUARDO SIMÕES viajou a convite
do consulado canadense em São Paulo
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