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Crítica/"Creation"
Filme expõe dilemas e vida afetiva de Charles Darwin
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A TORONTO
"Creation", filme que
abriu anteontem a
34ª edição do Festival de Toronto, considerado
uma pista de testes dos pré-candidatos ao Oscar, entrega o
ouro já no duplo sentido do título, que pode se referir tanto à
principal criação de Charles
Darwin, "Origem das Espécies", como à Criação divina, a
Terra e todos os seres viventes.
A cinebiografia, a primeira
que tem como tema principal o
naturalista britânico cujo bicentenário de nascimento é comemorado em 2009, se propõe
a narrar não o impacto da obra,
que aos 150 anos continua importante, mas o ambiente familiar em que ela foi concebida.
O estudo sobre a evolução
das espécies já foi chamado de a
principal ideia original da história; o filme se interessa pela
história por trás dessa ideia. Para tanto, segue o livro "Annie's
Box - Charles Darwin, His
Daughter, and Human Evolution" (A Caixa de Annie - Charles Darwin, Sua Filha e a Evolução Humana, Riverhead Hardcover, 2002), de Randal Keynes, tetraneto do britânico.
Segundo o relato, Darwin se
culpava pela morte da filha Annie aos 10 anos e achava que a
mulher fazia o mesmo -em vez
de recorrer à medicina tradicional, ele a afastou da família e
das orações da mãe, optando
por um tratamento alternativo
a base da banhos frios.
Uma das teorias sobre a razão pela qual Darwin retardou
a conclusão e publicação de
"Origem das Espécies" é a de
que teria receio de magoar a
mulher, muito religiosa.
O embate entre razão e fé domina o filme, que traz o britânico Paul Bettany e a norte-americana Jennifer Connelly nos
papéis principais -marido e
mulher na vida real que interpretam o casal de primos que
eram Charles e Emma Darwin.
É um embate na vida privada
que os espectadores sabem que
no século e meio seguinte se repetiria na vida pública, e aí mora a sacada do longa realizado
pelo diretor Jon Amiel, de carreira esquecível até agora.
Avaliação: bom
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