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OPINIÃO CINEMA
Apesar de tom didático, "Nosso Lar" torna atraente história espiritual
Filme é fiel a livro homônimo, psicografado por Chico Xavier, mas cria cenário mais futurista
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
"Nosso Lar", o filme, é
uma leitura bem próxima da
realidade da "vida depois da
vida" retratada no livro homônimo, psicografado pelo
médium Chico Xavier.
Para quem não acredita,
deve soar estranho ler que o
filme reproduz com tons de
realidade o que acontece do
outro lado. Nada de descanso eterno nem um vazio
completo, mas uma vida
quase idêntica à que levamos
por aqui.
Isso mesmo. Ao ler o livro
ou assistir ao filme, a pessoa
"descobrirá" que tudo segue
num ritmo semelhante ao
atual depois da morte: trabalho, comida, angústias, dores, alegrias, moradias,
transporte.
A diferença é o cenário, futurista, com tecnologias
avançadas que, um dia, prometem o livro e o filme, estarão presentes entre nós na vida terrestre.
Além do fato de, antes,
corrermos o risco de dar uma
passada pelo umbral, espécie de purgatório na linguagem católica, retratado no filme como um vale de sombras. Da forma como é descrito no livro.
Para quem acredita, o filme emociona e reforça convicções, mas incomoda em
alguns momentos pelo tom
didático de alguns diálogos,
travados em um tom superficial, quase amador.
Nesses trechos, o diretor
buscou transformar o filme
numa aula sobre espiritismo.
Foi fiel à doutrina, mas perdeu em naturalidade. Ausente também em algumas cenas, com imagens próximas
às de maquetes e num estilo
bem teatral.
Nada que desmereça o filme. Pelo contrário. É uma
boa produção nacional, com
um roteiro que, como espírita, considero competente ao
sintetizar e tornar atraente a
história da chegada do médico André Luiz numa colônia
espiritual.
Por fim, apesar de carregar
nos tons de "introdução ao
kardecismo", a doutrina de
Alan Kardec que difundiu a
crença na reencarnação e na
comunicação entre vivos e
mortos, o filme pode ser
apreciado por crentes ou
descrentes.
Vale pela mensagem que
transmite, de que devemos
estar sempre prontos para
recomeçar do zero, sem ressentimentos, culpa e vaidades. Aqui ou lá. Afinal, tudo é
efêmero.
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