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THIAGO NEY
Radiohead e a nova ordem
Banda oferece download para ganhar com CDs e levanta a questão sobre o valor da música
MAIS UM festival será montado em São Paulo neste final
de ano. O Motomix deve
acontecer entre 25 de novembro e 3
de dezembro, em vários clubes e locais da cidade. Será dividido em duas
partes: uma de shows e apresentações, outra com palestras, workshops, mostra de vídeos etc.
A organização do evento ainda
não confirma as informações. A primeira parte, a musical, será inaugurada em 25 de novembro, com um
show gratuito no parque Ibirapuera.
Depois, DJs e bandas farão apresentações em clubes da cidade até o dia
1º de dezembro. O line-up está sendo formado.
A segunda parte do festival terá lugar na Sala Cinemateca, entre 28 de
novembro e 3 de dezembro, com artistas nacionais e de fora do país. Os
nomes ainda serão anunciados.
Já ouviu "In Rainbows"? O que
achou? Quanto você pagou pelo
download? Vai comprar a edição especial, com dois CDs, vinil e libreto?
O disco novo do Radiohead, o sétimo da banda, está disponível desde a
madrugada de quarta-feira.
"In Rainbows" traz o Radiohead
experimental, bem parecido com
"Kid A", o álbum que marcou essa
guinada da banda. Nesses dois dias,
tem se falado bastante sobre a forma
como o Radiohead escolheu para
vender e divulgar "In Rainbows".
De que, ao dar ao consumidor a
oportunidade de escolher quanto
quer pagar pelo download, o Radiohead estaria mudando a relação artista-fã. É verdade, mas há outros
pontos a considerar.
Um deles: quanto vale o download
de "In Rainbows"?
As dez faixas vêm em arquivos
MP3, a 160 kbps. A qualidade do áudio é inferior a de um CD físico. Costuma-se dizer que o CD é caro -e é
mesmo. As gravadoras rebatem citando custos como distribuição,
confecção do disco, encarte, lucro da
gravadora etc. Esses custos não existem ao baixar "In Rainbows". O iTunes cobra pouco menos de US$ 1 por
faixa, com uma qualidade semelhante. Esse é o preço então?
Outro ponto: além do download, a
banda oferece "In Rainbows" no formato físico: dois CDs, dois vinis, livro etc. Cobre cerca de R$ 150 por isso. Imagine que 700 mil pessoas
(numa conta nada exagerada) comprem essa versão. O faturamento
chega a R$ 10,5 milhões. Sem passar
por gravadora, já que eles estão sem
contrato -vai direto para a banda.
Ontem, no "Financial Times", um
empresário ligado à banda disse que
a estratégia de oferecer o disco por
download tem como objetivo fazer
os fãs comprarem os CDs físicos. "Se
não acreditássemos que quando as
pessoas ouvissem as músicas elas
quisessem comprar o CD, nós não
teríamos feito isso."
"In Rainbows" deve começar a ser
vendido no formato tradicional no
início do ano que vem. Aí, o Radiohead precisará de uma gravadora.
Quem também protagoniza essa
nova ordem musical é Madonna. A
cantora deve sair da Warner e fechar
contrato de R$ 200 milhões com a
empresa norte-americana promotora de shows Live Nation. A empresa bancaria três álbuns de Madonna
e lucraria com shows, com merchandising e com licenciamentos.
thiago@folhasp.com.br
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