São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010 |
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Sacco desenha conflito militar de Israel
Em "Notas sobre Gaza", autor americano reconstitui assassinato de palestinos por Exército israelense em 1956 Folha - Você se vê como um jornalista que faz quadrinhos ou seria o inverso? Joe Sacco - Prefiro me chamar de quadrinista. Você adicionaria "historiador" a essas categorias? Sim, especialmente nesse livro, que é também uma investigação histórica. Você estudou historiografia? Eu tenho livros sobre historiografia, mas nunca os li. Fiz as escolhas por intuição. As pessoas ainda estão vivas, então achei que fosse importante conversar com elas. Quando elas morrerem, não haverá registro dos eventos. Quais são as vantagens dos registros orais? Aquelas pessoas realmente presenciaram os fatos. Estavam lá e podem contar o que aconteceu. Testemunhas podem chegar bem perto da verdade, especialmente se você ouve muitas delas. A desvantagem é que você depende da memória, mas não tenho medo de mostrar contradições. Isso não importa. Você faz outra escolha de perspectiva, ao contar a história dos vencidos. Por quê? Porque são histórias que não foram contadas. A prova é que esses incidentes não são conhecidos nem por aqueles que pensam que conhecem a história da região. O livro ajudou a trazer atenção para esses eventos? Alguns dos livros chegaram à Gaza, e as pessoas que leram ficaram satisfeitas com meu trabalho. Mas não acredito que o livro tenha tido qualquer tipo de impacto. Por que os acontecimentos de 1956 foram esquecidos? Em parte, porque os israelenses não estão interessados em divulgá-los. Além disso, se há coisas ocorrendo no presente, as pessoas têm menos interesse em refletir sobre o que aconteceu. Elas se importam se a casa delas vai ser demolida agora, hoje. Por que você se interessa por conflitos? Sou atraído por situações em que há sofrimento. É engraçado eu ter de explicar isso. Como um ser humano, tenho empatia por pessoas passando por dificuldades. Você se desenha, no livro, como um personagem. Por quê? Faço quadrinhos sobre minhas experiências pessoais. A maneira como as pessoas interagiam comigo é uma história também.
Você retrata David Ben-Gurion (1886-1973), herói nacional israelense, como responsável por muitas mortes...
Me mostre um herói nacional que não tenha esmagado
cabeças. Você pode gostar de
Obama, mas continuou a
guerra no Afeganistão.
Todo o mundo nesse nível
de poder tem sangue nas
mãos. Ben-Gurion era um líder e ele sabia o que queria
-que o Estado israelense fosse forte.
NOTAS SOBRE GAZA AUTOR Joe Sacco TRADUÇÃO Alexandre Boide EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 55 (432 págs.) Texto Anterior: Folha.com Próximo Texto: Frases Índice | Comunicar Erros |
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