São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2011

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Música

Marsalis e Clapton celebram em show a sonoridade de Nova Orleans

Em encontro em Nova York, os dois músicos fizeram homenagem ao berço do blues e do jazz

Lançado em CD e DVD, show no Lincoln Center deve agradar mais aos fãs do trompetista do que aos do guitarrista

Divulgação
Eric Clapton (centro) e Wynton Marsalis (esq.) durante o show no Lincoln Center, em Nova York, em abril passado

FABRICIO VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O trompetista Wynton Marsalis vem se abrindo nos últimos anos a encontros improváveis. Em 2007, reuniu-se com o ícone country Willie Nelson. Agora, foi a vez de subir ao palco com Eric Clapton.
O que os dois músicos buscaram no Lincoln Center (Nova York), em abril passado, foi descobrir um ponto no qual pudessem desenvolver algo que não soasse só como material de um ou de outro. Optaram por fazer um concerto de "encontro com as origens", centrando o olhar em Nova Orleans, berço do blues, do jazz, do R&B e, em certo sentido, do próprio rock.
Primeiro, reuniram um conjunto de instrumentistas próximo ao utilizado pelo lendário King Oliver (1885-1938) na década de 1920. Depois, Clapton selecionou um variado repertório que se adequasse bem à sonoridade esperada do grupo e, ao mesmo tempo, registrasse a amplitude do som de Nova Orleans.
Para agarrar o público de cara, abriram o concerto de forma contagiante, com a cadência de jazz tradicional de "Ice Cream", com curtos e potentes solos de trompete e guitarra. O blues assume na sequência, quando entra em cena "Forty-Four", imortalizada por Howlin' Wolf (1910-76).
O desfile de estilos segue com o tempero boogie-woogie de "Kidman Blues", com suingante vocal de Clapton, sendo um dos picos de animação do disco. Em outro extremo, há o dramático spiritual "Just a Closer Walk with Thee", que traz a participação do bluesman Taj Mahal.
Os fãs do guitarrista britânico, para não se sentirem completamente perdidos no universo visitado, são contemplados com a clássica "Layla", que surge em versão dentro do espírito do álbum.
O resultado tende a agradar mais aos entusiastas de Marsalis que aos de Clapton. Por mais que o guitarrista tenha ficado à vontade -no DVD, é visível sua empolgação-, não se trata propriamente de um disco dele.
Crítico feroz do jazz contemporâneo e de sua face mais experimental, Marsalis tem tentado mostrar que pode dialogar com músicos de outras esferas. Mas nada muito ousado, que fira sua aura de bom moço do jazz.

PLAY THE BLUES - LIVE FROM JAZZ AT LINCOLN CENTER
ARTISTAS Wynton Marsalis e Eric Clapton
GRAVADORA Warner Music
QUANTO R$ 29,90 (CD) e R$ 49,90 (DVD)
AVALIAÇÃO bom


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