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Sob efeito de jet lag
DJ Marky, o grande nome do drum'n'bass nacional, lança dois discos ao mesmo
tempo: um no Brasil e outro na Inglaterra
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CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Marky não pára. O DJ paulistano, nome mais conhecido da música eletrônica brasileira, se desdobra para promover seus dois
novos CDs: o EP "Brazilian Job",
que saiu em outubro, só na Inglaterra, e "Audio Architecture 2",
compilação que chega esta semana às lojas do Brasil.
Com 1h30 de atraso, Marky chegou ao clube Lov.e, em São Paulo,
onde falou com a Folha momentos antes de tocar.
Folha - Você anda mais cansado
do que feliz?
Marky - Ah, não é bem isso. Tipo
já estou trabalhando há mais de 15
anos. Minha carreira teve altos e
baixos. E agora está muito boa.
Mas às vezes eu sinto que preciso
descansar. Meu corpo está cansado. No fim do ano eu vou ficar um
bom tempo no Brasil, vou tirar
umas férias. Vou dar uma desligada de uns 15, 20 dias dos toca-discos. E aí vou entrar no estúdio.
Mas não tenho do que reclamar.
Tudo que está acontecendo na
minha vida é tudo o que eu sempre sonhei. Mas às vezes a gente
não se dá conta de umas coisas
que acontecem. Às vezes o corpo
cansa, coisas que acontecem com
qualquer pessoa. Dá estafa.
Folha - O que você acha do assédio em torno do seu nome, principalmente na Europa?
Marky - Eu não tenho tempo de
parar para pensar: "Poxa, o
Marky saiu na "DJ Magazine'".
Era um sonho meu sair nessa revista. Ou na "Muzik" ou na "Knowledge" ou ganhar prêmios de
melhor DJ. Ainda não...
Folha - Não caiu a ficha?
Marky - Não caiu a ficha porque
é tanta correria. Toco aqui e lá.
Folha - E o jet leg lesa muito?
Marky - Às vezes lesa. Por exemplo, a gente fez uma tour na Europa viajando de ônibus. Tocava
numa cidade, entrava no ônibus e
já ia para outra cidade. Foi a tour
de lançamento dos CDs da [festa"
Movement. Então, saía de Londres para Paris, de Paris para Bruxelas, de lá para o País de Gales,
depois Escócia. Quer dizer, apesar
de o ônibus ter cama, banheiro,
isso cansa. Esta semana mesmo,
estava na casa da minha namorada, ela mora em Curitiba. Fiz Curitiba-São Paulo. Daí, São Paulo-Dallas. Dallas-Vancouver. Quer
dizer, lá se vão 18 horas de vôo. De
Vancouver fui tocar em Seattle.
No outro dia, às 11h da manhã, fui
para Minneapolis. De lá, fomos
para Los Angeles. Daí San Francisco. E Dallas de novo. De lá para
São Paulo, Rio e Curitiba...
Folha - Por que você lançou dois
CDs quase ao mesmo tempo?
Marky - O "Brazilian Job" saiu só
na Inglaterra. As revistas lá falaram muito bem.
Folha - Você saiu pela primeira
vez no [semanário inglês" "NME",
não?
Marky - Foi uma matéria muito
legal. É tudo muito novo para
mim. Mas confesso que tenho
saudades de tocar no Brasil, de ficar em casa. Quero fazer música.
Tenho um projeto com o Xerxes
[de Oliveira", que se chama SP
Kollective. O mix que fizemos do
Ben Jor está estourado lá fora. Parece que entrou no top 50 da "Billboard". Tirando Goldie, Roni Size, só a gente conseguiu isso.
Folha - E o "Audio Architecture
2", que está saindo no Brasil. Por
que não há produções suas?
Marky - Quando o Patife lançou
o CD dele, o "Cool Steps", ele colocou muitos remixes que ele fez.
E eu já tinha um projeto de lançar
o meu álbum, com produção minha e do Xerxes. Vai sair esse disco lá fora.
Folha - Por que "Tudo", sua primeira produção, não entrou no CD?
Marky - Sei lá, não sei. Eu não
quis.
Folha - Era para ser um disco só de
remixes?
Marky - Não, era para ser uma
compilação mesmo. Da outra vez,
muita gente me cobrou que não
tinha música minha. Como essa
música ["Carolina Carol Bela""
está estourada, coloquei no CD
como uma amostra do que vai ser
o meu novo CD, que deve sair em
junho, julho, no verão europeu.
Folha - Não vai sair no Brasil?
Marky - Aí não sei porque a minha intenção é que o CD saia primeiro lá fora. Infelizmente, no
Brasil a coisa tem que acontecer lá
fora antes. O CD não é tão abrasileirado quanto o CD do Patife. É
um CD meu, Marky, minhas influências. Vai ter sons nacionais
dos anos 60 e 70 e internacionais.
Coisas como Marcos Valle, Joyce,
Tamba Trio. Que é a música que
eu acho autenticamente brasileira. É a coisa mais bonita do mundo. Daí coisas de funk, soul. O disco não vai ser só drum'n'bass, vai
ter downtempo, house.
Folha - Você gosta da mistura de
música eletrônica e ritmos brasileiros, como o Patife faz?
Marky - Vou ser bem sincero. A
primeira vez que ouvi "Sambassim", do Patife, a única coisa que
eu não gostei foi o sample de samba. Achava muito "cheesy". Fui lá
e fiz outro remix. As duas versões
pegaram muito lá fora. Mas ele
acredita nesse estilo e ele deve investir. Talento ele tem de sobra.
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