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CRÍTICA
Teresa se apresenta como herdeira
DA REPORTAGEM LOCAL
A estréia é tardia, e nem assim Teresa Cristina, aos 34, é
uma cantora pronta. A manicure
se descobriu artista aos 29, e ainda
demorou a ganhar o disco próprio que só agora vem à tona.
Não se está falando aqui de uma
aventureira, porém. Teresa possui
dotes de forte e delicada intérprete, que por certo desenvolverá daqui por diante. O pulo de manicure a cantora é parecido com a coexistência do marceneiro e do artista do samba em Paulinho da
Viola, o aniversariante em quem
Teresa se inspira para estrear.
Não há sombra de acaso no fato
de ela, apesar de ser também
compositora, estrear cantando
quase três dezenas de canções de
Paulinho ou de autores que ele interpretou. Teresa já era, talvez antes de saber, herdeira direta e dileta do canto melancólico do homenageado. E ele se rende ao evidente e canta a obscura "Depois de
Tanto Amor" com a afilhada.
Mesmo quando derrapa (por
pouco traquejo) na interpretação
das "difíceis canções simples" de
Paulinho, Teresa nunca perde o
domínio do universo mítico que
reproduz com seu Grupo Semente. É que é o dela também -da
melancolia, da delicadeza, do trato do samba como um tesourinho
modesto, carente e amoroso.
Só intérprete, ela parece bem
adaptada a sua ainda nova profissão. E cresce, desde já, a curiosidade sobre o que mostrará Teresa
quando estrear também como
compositora do novo samba.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
A Música de Paulinho da Viola
Artistas: Teresa Cristina e Semente
Lançamento: Deck Disc
Quanto: R$ 38 (o CD duplo) e R$ 21
(cada volume), preços sugeridos
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