São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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"HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC BOMB"

Novo álbum do U2 traz mais do mesmo sem sal e inspiração

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

A piada (infame) é inevitável: ao contrário de Bono em "I Still Haven't Found what I'm Looking For", os fãs encontraram o que procuravam. "How to Dismantle na Atomic Bomb", novo álbum do U2, caiu na internet no final da semana passada, mais de 15 dias antes do lançamento mundial (22/11).
A expectativa até então era de que o disco partiria para um lado mais guitarreiro, estendendo a proposta da "volta ao básico" do último e bom "All that You Can't Leave Behind" (2000).
Parecia isso mesmo quando "Vertigo" começou a bombar nas rádios e TVs. O riff disparado pela guitarra de The Edge traz o básico do punk, com direito à impressão de "já não ouvi isso antes?". O "uno, dos, tres... catorce" contado por Bono na introdução dá idéia de despretensão. E é, em suma, o U2 acertando na sua especialidade, o refrão forte e grudento.
Surpresa é descobrir nas dez faixas restantes que "Atomic Bomb" é um disco de baladas. Decepção é descobrir que ele talvez ofereça o mais insosso conjunto de composição da carreira do U2.
Desta vez a banda resolveu jogar seguro. Nada de reinvenção. Os falsetes de Bono, a guitarra cheia de ecos de The Edge, a cozinha eficiente de Larry Mullen e Adam Clayton, tudo está no mesmo lugar. Mais do mesmo às vezes funciona bem. Mas soa preguiçoso sem inspiração.
O amor é a linha mestra do disco, respondendo ao título ("Como Desmontar uma Bomba Atômica"). Mas ou a banda exagera no açúcar ("City of Blinding Lights" e seu insistente refrão "você está tão linda hoje à noite") ou aposta em climas românticos com gosto de sopa de hospital ("A Man and a Woman").
E é nesse tom inofensivo que o disco se desenvolve. Muito pouco para aplacar a sede de quatro anos sem U2. O bastante para ser um ponto baixo na carreira do U2.


How to Dismantle an Atomic Bomb
 
Artista: U2
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 40, em média



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