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Sou feia, mas tô na moda
Com DJs gringos e brasileiros, bandas e festas sem fim,
a noite de SP se consolida como uma das mais quentes do mundo
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Conviver com engarrafamentos permanentes, poluição, o Tietê, o Minhocão, a proliferação dos "botecos cariocas"... Tem de haver uma compensação. E há: ela vem com a
incrível movimentação da noite de São Paulo em torno de
clubes e festas. As belas que me
desculpem, mas vida noturna é
fundamental. E necessária.
Se, durante o dia, a paisagem
nem sempre entusiasma, à noite a cidade oferece vários motivos para sair de casa.
Associada a um sólido circuito já existente, a inauguração
de novas casas faz da capital
paulista um dos centros de música eletrônica e de rock do
mundo -mesmo com todas as
blitze e interdições promovidas
pela prefeitura.
Nesta semana, por exemplo,
a cidade ganhou mais um espaço, com a inauguração do multinacional Pacha. Em uma
imensa estrutura na Vila Leopoldina, na zona oeste, a franquia recebeu o DJ top Erick
Morillo. O investimento de R$
6 milhões gerou um clube, por
ora, para 2.000 pessoas. A partir de março, um novo ambiente elevará a capacidade para
7.000 freqüentadores.
"A noite de São Paulo é tão
profissional e variada quanto a
de qualquer centro do mundo",
diz um dos cinco sócios da Pacha, Eduardo Vitale. "É um
mercado que ainda suporta o
surgimento de um superclube."
E vem mais por aí. Em janeiro, o núcleo de tecno Circuito
abre na Barra Funda o Clash,
clube que poderá atrair até
1.500 pessoas com uma programação de house, tecno e rock.
No mês seguinte, no meio
dos bares da Vila Madalena,
aparecerá o Spkz. "Será um local de médio porte, com áreas
abertas e promessa de boa cozinha. Queremos um clube que
não se restrinja à pista", justifica o empresário André Luiz
Nestler, proprietário do Spkz.
Se até há pouco tempo o cenário de casas noturnas da cidade era volúvel, com clubes
abrindo num dia e fechando no
outro, hoje o mercado é mais
consolidado, constante. A Lôca,
templo underground, está aí há
11 anos; o Lov.e, há oito; o Manga Rosa, há sete.
Gringos
Para ganhar o público, investe-se em nomes internacionais.
Toda semana DJs gringos aparecem na cidade. Apenas neste
fim de semana, o D-Edge
-quarto melhor clube do mundo, segundo a revista britânica
"Mixmag"- trouxe a francesa
Jennifer Cardini e o inglês
Bryan Gee; no anterior, recebeu o alemão Tobi Neuman; e
em 5 de dezembro promove o
retorno do festejado Richie
Hawtin.
Em um espaço de dez dias,
São Paulo terá Hawtin; Chris
Liebing (3/12, em festa da Circuito); festa do Vegas com Mike
Relm, Ecletic Method, Tim
Sweeney e MSTRKRFT (15/
12); além de Joakin, DJ francês
de electro, no Glória (9/12).
Outro ponto importante do
charme noturno de São Paulo,
além da enorme oferta de tudo
para todas as tribos: a noite não
tem fim. Com after hours e festas que varam o dia, dá para
passar o fim de semana dançando. "O mais curioso da noite
de São Paulo é que as festas têm
hora para começar, mas nunca
para acabar", brinca o DJ britânico Dave Angel, que já tocou
no Manga Rosa, Lov.e e no Base. "Não sei de onde essas pessoas tiram tanta energia."
A carioca Kamilla, recém-chegada de turnê que passou
por França, Alemanha, Espanha e China, aponta outra característica: "O público é exigente. São pessoas que saem há
tempos, conhecem música e esperam muito dos DJs. Não
existe no mundo cidade com
uma cena eletrônica tão movimentada quanto São Paulo".
O circuito eletrônico se apóia
nas grifes internacionais, mas
não só -às quintas-feiras, Lov.e, D-Edge, Vegas, Glória e
Manga Rosa atraem público como se fosse sábado.
Já os clubes roqueiros não
recebem tantos nomes estrelados, mas ganham combustível
-e público- com shows de
bandas indies nacionais. A estrutura (de som, luz, banheiros
que lembram "Trainspotting")
ainda é um pouco capenga, mas
é possível assistir a um sem número de apresentações decentes em locais como CB Bar,
Outs, Funhouse, Studio SP,
Berlin e Milo Garage.
São Paulo é feia, mas...
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