São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006

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Sou feia, mas tô na moda

Com DJs gringos e brasileiros, bandas e festas sem fim, a noite de SP se consolida como uma das mais quentes do mundo

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Conviver com engarrafamentos permanentes, poluição, o Tietê, o Minhocão, a proliferação dos "botecos cariocas"... Tem de haver uma compensação. E há: ela vem com a incrível movimentação da noite de São Paulo em torno de clubes e festas. As belas que me desculpem, mas vida noturna é fundamental. E necessária.
Se, durante o dia, a paisagem nem sempre entusiasma, à noite a cidade oferece vários motivos para sair de casa.
Associada a um sólido circuito já existente, a inauguração de novas casas faz da capital paulista um dos centros de música eletrônica e de rock do mundo -mesmo com todas as blitze e interdições promovidas pela prefeitura.
Nesta semana, por exemplo, a cidade ganhou mais um espaço, com a inauguração do multinacional Pacha. Em uma imensa estrutura na Vila Leopoldina, na zona oeste, a franquia recebeu o DJ top Erick Morillo. O investimento de R$ 6 milhões gerou um clube, por ora, para 2.000 pessoas. A partir de março, um novo ambiente elevará a capacidade para 7.000 freqüentadores.
"A noite de São Paulo é tão profissional e variada quanto a de qualquer centro do mundo", diz um dos cinco sócios da Pacha, Eduardo Vitale. "É um mercado que ainda suporta o surgimento de um superclube."
E vem mais por aí. Em janeiro, o núcleo de tecno Circuito abre na Barra Funda o Clash, clube que poderá atrair até 1.500 pessoas com uma programação de house, tecno e rock.
No mês seguinte, no meio dos bares da Vila Madalena, aparecerá o Spkz. "Será um local de médio porte, com áreas abertas e promessa de boa cozinha. Queremos um clube que não se restrinja à pista", justifica o empresário André Luiz Nestler, proprietário do Spkz.
Se até há pouco tempo o cenário de casas noturnas da cidade era volúvel, com clubes abrindo num dia e fechando no outro, hoje o mercado é mais consolidado, constante. A Lôca, templo underground, está aí há 11 anos; o Lov.e, há oito; o Manga Rosa, há sete.

Gringos
Para ganhar o público, investe-se em nomes internacionais. Toda semana DJs gringos aparecem na cidade. Apenas neste fim de semana, o D-Edge -quarto melhor clube do mundo, segundo a revista britânica "Mixmag"- trouxe a francesa Jennifer Cardini e o inglês Bryan Gee; no anterior, recebeu o alemão Tobi Neuman; e em 5 de dezembro promove o retorno do festejado Richie Hawtin.
Em um espaço de dez dias, São Paulo terá Hawtin; Chris Liebing (3/12, em festa da Circuito); festa do Vegas com Mike Relm, Ecletic Method, Tim Sweeney e MSTRKRFT (15/ 12); além de Joakin, DJ francês de electro, no Glória (9/12).
Outro ponto importante do charme noturno de São Paulo, além da enorme oferta de tudo para todas as tribos: a noite não tem fim. Com after hours e festas que varam o dia, dá para passar o fim de semana dançando. "O mais curioso da noite de São Paulo é que as festas têm hora para começar, mas nunca para acabar", brinca o DJ britânico Dave Angel, que já tocou no Manga Rosa, Lov.e e no Base. "Não sei de onde essas pessoas tiram tanta energia."
A carioca Kamilla, recém-chegada de turnê que passou por França, Alemanha, Espanha e China, aponta outra característica: "O público é exigente. São pessoas que saem há tempos, conhecem música e esperam muito dos DJs. Não existe no mundo cidade com uma cena eletrônica tão movimentada quanto São Paulo".
O circuito eletrônico se apóia nas grifes internacionais, mas não só -às quintas-feiras, Lov.e, D-Edge, Vegas, Glória e Manga Rosa atraem público como se fosse sábado.
Já os clubes roqueiros não recebem tantos nomes estrelados, mas ganham combustível -e público- com shows de bandas indies nacionais. A estrutura (de som, luz, banheiros que lembram "Trainspotting") ainda é um pouco capenga, mas é possível assistir a um sem número de apresentações decentes em locais como CB Bar, Outs, Funhouse, Studio SP, Berlin e Milo Garage.
São Paulo é feia, mas...


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