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Crítica/"A Dança dos Vampiros"
Polanski revê o terror em comédia pesada
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Passados quase 40 anos
de sua realização, talvez
seja necessário avisar ao
espectador que "A Dança dos
Vampiros" (67) é uma comédia.
Isso porque a distância do tempo acrescentou algumas virtudes ao filme, mas também alterou seu timing e ritmo.
Comédia que não faz rir?
Longe disso, a sátira de Polanski aos filmes de terror insere-se
no desprendimento de gêneros
que se tornou uma espécie de
marca pessoal.
O próprio Polanski interpreta o ajudante tímido e atrapalhado de um velho caçador de
vampiros na Transilvânia. Em
uma pousada, encontrarão a
bela Sharon Tate, que será raptada pelo vampiro mestre. Os
dois tentarão resgatá-la.
Na época, Polanski contou
com um bom orçamento, gasto
na construção de cenários
grandiosos e cheios de detalhes. "Dança" apresenta um clima soturno, claustrofóbico, se
passando quase inteiramente
em ambientes fechados que
compõem o castelo, centro do
mal, tal qual seus excelentes
"Repulsa ao Sexo" (65) e "O Bebê de Rosemary" (68).
E é da lembrança dos silêncios torturantes e labirintos
desses dois filmes assustadores, relidos em "Dança" na chave da comédia, que retira o tom
leve de uma produção que se
pretende cômica.
Ou então lembrar que, pouco
depois, Tate, já casada e grávida
de Polanski, seria assassinada
por uma seita. E, principalmente, pelo final, nada otimista, que
prevê que o mal se espalha pelo
mundo, idéia que se repetirá
em algum de seus filmes. Se
"Dança" provoca poucos risos,
é porque as barreiras entre o
humor e o horror são finas.
A DANÇA DOS VAMPIROS
Direção: Roman Polanski
Distribuidora: Warner (R$ 30, em
média)
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