São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006

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Crítica/"A Dança dos Vampiros"

Polanski revê o terror em comédia pesada

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Passados quase 40 anos de sua realização, talvez seja necessário avisar ao espectador que "A Dança dos Vampiros" (67) é uma comédia. Isso porque a distância do tempo acrescentou algumas virtudes ao filme, mas também alterou seu timing e ritmo. Comédia que não faz rir? Longe disso, a sátira de Polanski aos filmes de terror insere-se no desprendimento de gêneros que se tornou uma espécie de marca pessoal. O próprio Polanski interpreta o ajudante tímido e atrapalhado de um velho caçador de vampiros na Transilvânia. Em uma pousada, encontrarão a bela Sharon Tate, que será raptada pelo vampiro mestre. Os dois tentarão resgatá-la. Na época, Polanski contou com um bom orçamento, gasto na construção de cenários grandiosos e cheios de detalhes. "Dança" apresenta um clima soturno, claustrofóbico, se passando quase inteiramente em ambientes fechados que compõem o castelo, centro do mal, tal qual seus excelentes "Repulsa ao Sexo" (65) e "O Bebê de Rosemary" (68). E é da lembrança dos silêncios torturantes e labirintos desses dois filmes assustadores, relidos em "Dança" na chave da comédia, que retira o tom leve de uma produção que se pretende cômica. Ou então lembrar que, pouco depois, Tate, já casada e grávida de Polanski, seria assassinada por uma seita. E, principalmente, pelo final, nada otimista, que prevê que o mal se espalha pelo mundo, idéia que se repetirá em algum de seus filmes. Se "Dança" provoca poucos risos, é porque as barreiras entre o humor e o horror são finas. A DANÇA DOS VAMPIROS     Direção: Roman Polanski Distribuidora: Warner (R$ 30, em média)

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