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Curadores anteriores criticam proposta
Equipe responsável por edição de 2006 reclama de falta de publicações
Co-curadora espanhola ainda não recebeu por sua participação; "Obrigação era terminar o processo da 27ª Bienal", diz colombiano
DA REPORTAGEM LOCAL
A equipe curatorial da última
Bienal de São Paulo, "Como Viver Junto", critica a instituição
por iniciar um novo projeto
sem ter concluído o anterior.
"Antes de começar qualquer
outro projeto, inclusive a participação nas Bienais de Valência
e Veneza, a obrigação da Fundação Bienal era terminar o
processo da 27ª Bienal", afirma
o colombiano José Roca, um
dos co-curadores da mostra.
Para a curadora geral da 27ª
Bienal, Lisette Lagnado, "é
inadmissível que ainda se mantenha uma administração desacreditada, que não conseguiu
honrar suas dívidas para com a
última edição da Bienal. A falta
de tempo e de dinheiro é conseqüência de uma incapacidade
de captar recursos".
Quase um ano após o fim da
mostra, os curadores aguardam
as publicações programadas.
"Até agora não se publicou o catálogo, parte da proposta de Lisette e do time curatorial, pois
havia artistas que teriam participação apenas no projeto editorial. Tampouco se publicou o
texto dos seminários, um espaço de discussão e reflexão da
27ª Bienal", diz Roca.
Participante da organização
de várias bienais, a co-curadora
espanhola Rosa Martinez diz
ter sido a primeira vez que enfrentou situação parecida.
"Parece-me muito triste que
a instituição mais prestigiada
da América Latina esteja passando por essa crise lamentável, na qual se misturam corrupção, má gestão e falta de respeito aos trabalhadores. Não
sou a única a não ter recebido
os honorários, há dívidas com
outros co-curadores e artistas.
Isso não é só um problema econômico, mas de falta de ética
institucional."
Mesquita, porém, é poupado
das críticas. "Ainda bem que
surgiu um profissional competente para aceitar a missão de
dar continuidade a um evento
historicamente tão importante. Se a instituição conseguir
recuperar sua reputação internacional, terá valido a pena",
diz Lagnado. Ele também é
apoiado por outros curadores
da Bienal anterior. "É uma proposta radical, mas coerente
com este momento", diz o alemão Jochen Volz.
"Ela me parece bastante pertinente para um ano em que a
Bienal está com o orçamento
apertado e atravessa uma crise
de identidade. O que me parece
belíssimo, porém complicado
para uma bienal sem muitos recursos, é o projeto de se retirar
os vidros do piso térreo", diz
Adriano Pedrosa, co-curador
de "Como Viver Junto".
Na história das Bienais de
São Paulo, a próxima terminaria um ciclo: "A 25ª e a 26ª mostraram os limites do modelo
bienal em sua vertente espetacularizante, enquanto a 27ª sofreu as conseqüências institucionais de tentar recriar sua estrutura; já a 28ª tem a oportunidade de mostrar a instituição
em toda sua nudez, literal e metaforicamente", avalia Roca.
(FC)
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