São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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Desorganização faz menores com ingresso serem barrados

CRISTINA FIBE
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem os atrasos gigantes que comprometeram o Tim Festival, o Planeta Terra, que aconteceu anteontem na Villa dos Galpões, em São Paulo, foi exemplar em termos de organização -a não ser que você tivesse menos de 18 anos.
Os adolescentes que compraram ingressos para ver atrações como Lily Allen, Cansei de Ser Sexy e Kasabian foram barrados, mesmo aqueles acompanhados por pais e responsáveis.
A reportagem acompanhou o drama de um grupo de jovens (alguns vindos de outras cidades) que, impedidos de entrar, afirmavam terem usado documento de identificação no momento da compra -a maior parte deles dizia também ter questionado os vendedores se poderiam ou não entrar, sempre com resposta positiva.
A organização demorou a dar satisfações aos barrados -pelo menos 50 pessoas durante o período acompanhado pela reportagem, entre 17h e 21h. Quando, enfim, se pronunciou, afirmou ter divulgado a censura de 18 anos "na mídia, em cartazes e na TV" sem menção à entrada de menores.
A empresa BFerraz, contratada para coordenar o evento, disse ainda ter orientado as bilheterias (sob responsabilidade da Ticketmaster) para que não vendessem ingressos para menores e que pode ter havido "falha de comunicação".
Mas a própria bilheteria da Villa dos Galpões vendia ingressos até 19h30 de anteontem com os funcionários informando que menores poderiam comprar e entrar desde que acompanhados por um parente maior de 21 anos.
O estudante Rhamon Bobio, 17, que viajou uma hora, de ônibus e de trem, para ver Tokyo Police Club, chegou por volta de 18h e foi embora depois das 21h, sem ter entrado. "E sem poder ir ao banheiro, com fome, com sede. Lamentável."
"Eu comprei meu direito de entrar", afirmava Flora Santorelli de Souza, 15, que foi ao festival ver CSS, ao lado do pai. Evangelina Catão, que viajou de ônibus do Rio para que as duas filhas, de 16 e 17 anos, pudessem ver Lily Allen, reclamava. "Nunca ouvi falar que uma mãe não pudesse levar os filhos a lugar algum."
Quando finalmente apareceram produtores para dar a notícia de que os prejuízos seriam ressarcidos, houve bate-boca. Alguns dos barrados planejam processar a empresa.
"Caso seja constatada alguma irregularidade no processo de venda, o Terra irá tomar tomar todas as medidas cabíveis", informou, ontem, em nota, a comunicação da empresa.


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