|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desorganização faz menores com ingresso serem barrados
CRISTINA FIBE
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem os atrasos gigantes que
comprometeram o Tim Festival, o Planeta Terra, que aconteceu anteontem na Villa dos
Galpões, em São Paulo, foi
exemplar em termos de organização -a não ser que você tivesse menos de 18 anos.
Os adolescentes que compraram ingressos para ver atrações
como Lily Allen, Cansei de Ser
Sexy e Kasabian foram barrados, mesmo aqueles acompanhados por pais e responsáveis.
A reportagem acompanhou o
drama de um grupo de jovens
(alguns vindos de outras cidades) que, impedidos de entrar,
afirmavam terem usado documento de identificação no momento da compra -a maior
parte deles dizia também ter
questionado os vendedores se
poderiam ou não entrar, sempre com resposta positiva.
A organização demorou a dar
satisfações aos barrados -pelo
menos 50 pessoas durante o
período acompanhado pela reportagem, entre 17h e 21h.
Quando, enfim, se pronunciou,
afirmou ter divulgado a censura de 18 anos "na mídia, em cartazes e na TV" sem menção à
entrada de menores.
A empresa BFerraz, contratada para coordenar o evento,
disse ainda ter orientado as bilheterias (sob responsabilidade
da Ticketmaster) para que não
vendessem ingressos para menores e que pode ter havido "falha de comunicação".
Mas a própria bilheteria da
Villa dos Galpões vendia ingressos até 19h30 de anteontem com os funcionários informando que menores poderiam
comprar e entrar desde que
acompanhados por um parente
maior de 21 anos.
O estudante Rhamon Bobio,
17, que viajou uma hora, de ônibus e de trem, para ver Tokyo
Police Club, chegou por volta
de 18h e foi embora depois das
21h, sem ter entrado. "E sem
poder ir ao banheiro, com fome, com sede. Lamentável."
"Eu comprei meu direito de
entrar", afirmava Flora Santorelli de Souza, 15, que foi ao festival ver CSS, ao lado do pai.
Evangelina Catão, que viajou
de ônibus do Rio para que as
duas filhas, de 16 e 17 anos, pudessem ver Lily Allen, reclamava. "Nunca ouvi falar que uma
mãe não pudesse levar os filhos
a lugar algum."
Quando finalmente apareceram produtores para dar a notícia de que os prejuízos seriam
ressarcidos, houve bate-boca.
Alguns dos barrados planejam
processar a empresa.
"Caso seja constatada alguma irregularidade no processo
de venda, o Terra irá tomar tomar todas as medidas cabíveis",
informou, ontem, em nota, a
comunicação da empresa.
Texto Anterior: Crítica: CSS e Rapture retornam bem afiados ao Brasil Próximo Texto: Memória: Gore Vidal e Gay Talese lamentam morte de Mailer Índice
|