São Paulo, quinta, 12 de novembro de 1998

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FESTIVAL DE CINEMA
Diretores se recusam a participar
Mar del Plata começa com problemas

MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires

O 14º Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata começa hoje com muitos problemas. O principal, além da alardeada má organização do evento, é a recusa das entidades cinematográficas argentinas em participar do festival.
Não só: produtores e diretores pedem a renúncia de Julio Mahárbiz, diretor do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais.
A retaliação da indústria cinematográfica argentina tem dois objetivos básicos: impedir um corte de US$ 27 milhões no orçamento destinado ao cinema (que o Congresso debaterá neste mês) e pressionar as autoridades para que seja cumprida a Lei do Cinema (de 94).
Por causa da crise, os novos projetos de Adrián Suar -"Ahorcados"- e Marcelo Piñeyro -"Plata Quemada", baseado no romance homônimo de Ricardo Piglia- estão suspensos. E não parece haver soluções a curto prazo.
O próprio Piñeyro, membro do Diretores Argentinos Associados, é um dos que assinam o protesto. "Enviamos uma resposta conjunta, idêntica, rechaçando o convite (...) e recomendando aos associados que façam o mesmo. Mas não propomos um boicote. Não colocamos obstáculos à realização do festival", declarou Piñeyro.
Embora produtores e diretores se recusem a ir pessoalmente ao festival, seus filmes -28 ao todo- serão exibidos. Quatro deles estarão concorrendo: "Diário para um Conto", de Jana Bokova; "A Cara do Anjo", de Pablo Torre; "Época Ruim", de Salvador Roselli, Mariano de Rosa, Rodrigo Moreno e Nicolás Saad; e "O Segredo dos Andes", de Alejandro Azzano.
O presidente da Associação de Produtores Independentes, PabloRovito, reforça: "O festival sempre foi um caos. Com menos dinheiro, vai ser ainda pior. Não queremos que digam que o destruímos: ele se destrói por si mesmo".
O festival vai de hoje até o dia 21.



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