São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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ARTES VISUAIS

Dois dos três locais escolhidos para sediar a mostra estavam com obras inacabadas dois dias antes da abertura

Bienal do Ceará corre contra o tempo

FABIO CYPRIANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM FORTALEZA

A mais nova bienal brasileira não escapou à tradição das demais bienais brasileiras, seja a de São Paulo ou a do Mercosul. Às vésperas de sua abertura, funcionários e artistas da 1ª Bienal Ceará América, em Fortaleza, corriam contra o tempo para conseguir deixar tudo pronto para a abertura, programada para amanhã.
Dos três espaços escolhidos para sediar a mostra, o mais adiantado é o Museu de Arte Contemporânea, localizado no Centro Dragão do Mar. Os demais locais, dois imensos galpões da rede ferroviária e a Casa Boris -sede de uma antiga companhia de importação-, passaram por reformas de adaptação, que até anteontem não tinham terminado.
"Em um momento achamos que um dos galpões nem sequer poderia ser utilizado. Por isso escolhemos também a Casa Boris como local expositivo. Como o galpão ficou pronto, acabamos ganhando até mais espaço do que precisávamos", disse Antônio de Pádua Araujo, diretor-presidente do Centro Dragão do Mar.
Vários artistas aguardavam a saída dos operários para a montagem das obras - a maior parte dos trabalhos da bienal está sendo realizada no local. A improvisação tem sido a saída.
"Estamos esperando há vários dias, montei parte da obra em outro local e assim que liberarem o espaço, faço a montagem final", afirmou Felipe Barbosa, um dos 45 artistas que fazem parte da mostra.

Curadoria belga
A 1ª Bienal Ceará América tem à frente dois belgas: Jan Hoet, como curador-geral, e Philippe van Cauteren, como curador-assistente. Sem um tema específico definido, a primeira edição busca tratar de dois eixos característicos da cidade: "O litoral, que pode ser relacionado à utopia e ao desejo, e o espaço urbano, mais voltado para o trabalho, o foco, a sobrevivência", disse Cauteren.
A fricção desses dois eixos já está sendo utilizado, por exemplo, pelo grupo colombiano Cambalache. Carolina Caycedo e Adriana Garcia, as duas artistas do grupo que vieram para a bienal, apropriaram-se do carrinho de som de seu João, que normalmente anda pelas ruas fazendo publicidade.
"Escolhemos com a ajuda dele várias músicas bregas e saímos pela cidade. Os moradores acabam se incorporando ao grupo, cantando e indicando outras canções. Ao final, iremos gravar uma série de CDs chamada "Fortaleza Mix", como memória sonora dessa ação", afirmou Caycedo. Assim, o lazer se incorpora também ao urbano, como sugerem os curadores.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da Secretaria da Cultura e do Desporto do Estado do Ceará


1ª BIENAL CEARÁ AMÉRICA. Mostra de arte contemporânea com 45 artistas do continente americano. Curadoria: Jan Hoet e Philippe van Cauteren. Onde: Centro Dragão do Mar, Casa Boris e galpões da RFFSA (tel. 0/xx/85/488-7604). Quando: abertura amanhã (para convidados); de ter. a dom., das 10h às 17h30 (galpões) e das 14h às 21h30 (demais locais). Até 28/3.



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