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TELEVISÃO
Crítica
"Dália Negra" não oferece resposta fácil ao público
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para Brian de Palma, disse
uma vez Jean Douchet, a ficção
nunca termina. Isso vale para
seus grandes sucessos, como
"Carrie, a Estranha", onde, depois de tudo terminar, vinha
aquele susto imenso que fazia o
cinema inteiro gritar.
Mas vale também para os fracassos mais recentes, como
"Dália Negra" (People & Arts,
22h, 14 anos). Por que um filme
que foca um crime ocorrido no
pós-guerra (em que uma garota
foi trucidada literalmente)
com tanto esmero e talento pode ser tão desprezado?
Simples: porque a ficção não
tem fim. Ou ainda: porque o espectador quer respostas, coisas
fáceis, simples, e o filme não as
traz. Esse é o dilema do cinema
atual: para ser contemporâneo
ele corre o risco, desproporcional, de perder a maior parte dos
espectadores.
Os autores (como De Palma,
Eastwood etc.) arriscam o pescoço à espera do momento em
que sejam compreendidos. E,
sendo este um filme noir, é claro que não é fácil entender a
história de Elisabeth Short e
sua morte, as estranhas conexões que a cercam, os dois policiais, a princípio cúmplices,
que se encarregam do caso.
Este, aliás, se arrasta por
anos. Não há resposta fácil nele. Isso inquieta o público, que
quer respostas fáceis ao menos
nos filmes. Inquieta sobretudo
a crítica americana -essa fiel
servidora da indústria. Daí ao
magnífico fracasso é um passo.
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