São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Crítica

"Dália Negra" não oferece resposta fácil ao público

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Para Brian de Palma, disse uma vez Jean Douchet, a ficção nunca termina. Isso vale para seus grandes sucessos, como "Carrie, a Estranha", onde, depois de tudo terminar, vinha aquele susto imenso que fazia o cinema inteiro gritar.
Mas vale também para os fracassos mais recentes, como "Dália Negra" (People & Arts, 22h, 14 anos). Por que um filme que foca um crime ocorrido no pós-guerra (em que uma garota foi trucidada literalmente) com tanto esmero e talento pode ser tão desprezado?
Simples: porque a ficção não tem fim. Ou ainda: porque o espectador quer respostas, coisas fáceis, simples, e o filme não as traz. Esse é o dilema do cinema atual: para ser contemporâneo ele corre o risco, desproporcional, de perder a maior parte dos espectadores.
Os autores (como De Palma, Eastwood etc.) arriscam o pescoço à espera do momento em que sejam compreendidos. E, sendo este um filme noir, é claro que não é fácil entender a história de Elisabeth Short e sua morte, as estranhas conexões que a cercam, os dois policiais, a princípio cúmplices, que se encarregam do caso.
Este, aliás, se arrasta por anos. Não há resposta fácil nele. Isso inquieta o público, que quer respostas fáceis ao menos nos filmes. Inquieta sobretudo a crítica americana -essa fiel servidora da indústria. Daí ao magnífico fracasso é um passo.


Texto Anterior: O melhor do dia
Próximo Texto: José Simão: Lula! Me tira da merda também!
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.