São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2001

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ROCK IN RIO

DESCONTRAÇÃO

Cidade do Rock abre com atraso e traz problemas para artistas

Silêncio de 3 minutos é levado na brincadeira

CRISTINA GRILLO
VIVIANE PAULA VIANA
DA SUCURSAL DO RIO

No meio do gramado, um sonoro palavrão quebrou os três minutos de silêncio que marcaram ontem à noite a abertura da terceira edição do festival Rock in Rio. Muitas gargalhadas e um comentário anônimo: "Se brasileiro não respeita minuto de silêncio, ia respeitar três minutos pela paz?".
Mas respeitaram o pedido de acenar com os lenços brancos distribuídos na entrada pelos patrocinadores do festival. "Podia ser menos tempo, meu braço está doendo", queixava-se o técnico em informática Paulo Lemos, 32.
Esse foi o clima do primeiro dia do festival. Brincadeiras, farras e ironias. A entrada do público na área onde acontece o Rock in Rio foi tranquila, apesar de os portões terem sido abertos com 40 minutos de atraso. De acordo com a organização do festival, 100 mil pessoas estavam na Cidade do Rock às 22h (85 mil na abertura). Para cada dia do Rock in Rio foram colocados à venda 250 mil ingressos, todos vendidos para a abertura, segundo a organização. Mas a Folha apurou que, até as 23h, os ingressos ainda eram vendidos nas bilheterias (R$ 35) e chegavam a R$ 10, com os cambistas.
Por enquanto, a noite mais procurada do Rock in Rio é a do dia 18, quinta-feira, quando se apresentam, entre outros, no Palco Mundo, Britney Spears, "NSync e Sandy & Júnior.
O festival teve início logo depois dos minutos pela paz com Milton Nascimento e Gilberto Gil cantando "Imagine", acompanhados pela Orquestra Sinfônica.
A primeira pessoa a entrar na Cidade do Rock não gosta de nenhum artista que se apresentaria ontem. Ela disse que só foi à estréia do Rock in Rio para participar dos três minutos de paz.
"Não curto os shows. Assim que participar desse momento de solidariedade, vou embora", afirmou o balconista Éder Toni Urbanezu, 30, que chegou de São Paulo anteontem. Da rodoviária Novo Rio (São Cristóvão, zona norte), Urbanezu seguiu direto para o local onde foram montados os palcos, em Jacarepaguá (zona oeste).
A demora na abertura dos portões atrasou a programação das tendas Raízes, Eletro e Brasil. Funcionários da organização do festival ainda davam os retoques finais por volta das 17h, quando os shows nas tendas alternativas já estavam começando. Alpinistas ainda trabalhavam na cobertura de algumas tendas de alimentação por volta das 17h30.
O atraso na programação trouxe problemas. Na Tenda Raízes, Régis Gizavo, de Madagascar, teve seu som sufocado quando Milton Nascimento começou sua apresentação no Palco Mundo, às 19h55. Era impossível ouvir, na tenda, o que Gizavo cantava.
Até as 22h, 188 pessoas haviam sido atendidas no serviço médico -na maioria, desidratadas.



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