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Clube de leitura cria best-sellers
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
O clássico "Anna Karenina", de
Leon Tolstói, se resume a "Leo on
Love" (ou Leo fala de amor), e
"Vidas Amargas", de John Steinbeck, é "a história de um pai para
seus filhos".
Foi resumindo clássicos a clichês açucarados e recheando sua
lista de recomendações com títulos de auto-ajuda ("Descubra o
Poder em Você" e congêneres)
que a apresentadora Oprah Winfrey fez de seu clube literário um
fenômeno editorial.
Com mais de 500 mil afiliados e
uma indicação por mês, Oprah
pôs de volta nas mesas de cabeceira clássicos esquecidos e fez de títulos medíocres grandes sucessos
de vendagem. Sua "missão" declarada não é fazer os americanos
lerem melhor. É fazer mais americanos lerem.
Para Kathleen Rooney, autora
de "Reading with Oprah: The
Book Club that Changed America" (lendo com Oprah: o clube literário que mudou os Estados
Unidos), a apresentadora é uma
"força intelectual". Ainda que
ache muitas das indicações de
Oprah "intragáveis", Rooney
conclui que ela "construiu uma
ponte sobre o abismo" do mundo
literário americano.
Além das recomendações e discussões no programa de TV de
Oprah, o website do clube apresenta guias de leitura, seção de
perguntas e respostas com a própria apresentadora e entrevistas
com os autores. O foco são as donas-de-casa. Oprah se vangloria
de ter feito ler "mulheres que não
pegavam um livro desde que saíram da escola".
Rixa
Do lado "intelectual", também
há frisson. Em 2002, Jonathan
Franzen se recusou a aparecer no
programa de Oprah após seu celebrado "As Correções" ter sido indicado por ela. A rusga se transformou em rixa entre os defensores da popularização dos livros a
qualquer custo e os puristas.
Depois da história -e após fazer 46 best-sellers em cinco
anos-, a apresentadora dissolveu o clube, alegando que estava
"cada vez mais difícil encontrar
um livro por mês" para recomendar ao público.
Sem maiores explicações, o lucrativo clube foi reativado 14 meses depois. A seleção atual é o sexagenário "As Vinhas da Ira",
também de Steinbeck.
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