São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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Clube de leitura cria best-sellers

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

O clássico "Anna Karenina", de Leon Tolstói, se resume a "Leo on Love" (ou Leo fala de amor), e "Vidas Amargas", de John Steinbeck, é "a história de um pai para seus filhos".
Foi resumindo clássicos a clichês açucarados e recheando sua lista de recomendações com títulos de auto-ajuda ("Descubra o Poder em Você" e congêneres) que a apresentadora Oprah Winfrey fez de seu clube literário um fenômeno editorial.
Com mais de 500 mil afiliados e uma indicação por mês, Oprah pôs de volta nas mesas de cabeceira clássicos esquecidos e fez de títulos medíocres grandes sucessos de vendagem. Sua "missão" declarada não é fazer os americanos lerem melhor. É fazer mais americanos lerem.
Para Kathleen Rooney, autora de "Reading with Oprah: The Book Club that Changed America" (lendo com Oprah: o clube literário que mudou os Estados Unidos), a apresentadora é uma "força intelectual". Ainda que ache muitas das indicações de Oprah "intragáveis", Rooney conclui que ela "construiu uma ponte sobre o abismo" do mundo literário americano.
Além das recomendações e discussões no programa de TV de Oprah, o website do clube apresenta guias de leitura, seção de perguntas e respostas com a própria apresentadora e entrevistas com os autores. O foco são as donas-de-casa. Oprah se vangloria de ter feito ler "mulheres que não pegavam um livro desde que saíram da escola".

Rixa
Do lado "intelectual", também há frisson. Em 2002, Jonathan Franzen se recusou a aparecer no programa de Oprah após seu celebrado "As Correções" ter sido indicado por ela. A rusga se transformou em rixa entre os defensores da popularização dos livros a qualquer custo e os puristas.
Depois da história -e após fazer 46 best-sellers em cinco anos-, a apresentadora dissolveu o clube, alegando que estava "cada vez mais difícil encontrar um livro por mês" para recomendar ao público.
Sem maiores explicações, o lucrativo clube foi reativado 14 meses depois. A seleção atual é o sexagenário "As Vinhas da Ira", também de Steinbeck.


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