São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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Centro reuniu salas nos anos 60

DA REPORTAGEM LOCAL

Há 45 anos, sábado, 13 de fevereiro de 1960, o leitor desta Folha podia escolher entre um dos 27 cinemas que funcionavam no centro de São Paulo.
Da memória dessas salas, soterradas ou removidas pelo comércio, pela fé e pelo "progresso", há poucos resquícios.
Essa "arqueologia urbana" é tema de estudo da arquiteta Licia de Oliveira, 29, que faz mestrado na FAU-USP sobre essas salas.
"O pico de inaugurações foi na década de 50, quando mais de 50 salas foram abertas pela cidade."
A partir da década de 60, começaram a ser inauguradas as salas em galerias, como o Olido. "Foi aí que o circuito começou a mudar."
O arquiteto Rino Levi, que projetou o Cine Ipiranga e o Arte Palácio (aberto em 1936 e hoje convertido em cine pornô) é apontado por Licia como o grande arquiteto dos cinemas daquele tempo.
"Ele fez a primeira sala que fugia do padrão art déco. Ele aplicou nos projetos estudos de ergonomia, de visibilidade e, principalmente, de acústica."
Para sustentar o hotel de 21 andares acima do Cine Ipiranga, sem pôr nenhum pilar na sala, Levi inovou na questão estrutural. "Foi um marco de engenharia na época", diz Licia.
Já o Marrocos -aberto em 1951 e que deve ser adaptado para receber um multiplex- obedece ao racionalismo moderno, mas se destacava pelos ornamentos.
"Era inspirado em "As Mil e Uma Noites", algo bastante comum no mundo na arquitetura de cinema", afirma a arquiteta.
O Cine Alhambra, de 1928, que ficava na rua Direita, e o Santa Cecília, da década de 30, também tinham inspiração "mourisca".


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