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Crítica
Tributo a Kim Novak mostra correr do tempo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Turner Classic Movies comemora os 75 anos de Kim Novak. Pode ser justa a homenagem. Mas será conveniente?
Apenas lembrar que Kim pode
chegar aos 75 nos faz perder
um pouco a fé no cinema.
Pois uma das coisas que o cinema faz de melhor é, de certa
forma, e ao contrário do que
queremos dele, imobilizar a
realidade, é fazer com que Kim
seja para sempre a loura estonteante de 1955, quando fez
"Picnic" (14h) com William
Holden -na época, um paradigma de erotismo no cinema.
Talvez a homenagem detecte
esse doloroso correr do tempo
já em "Meus Dois Carinhos"
(17h40), de 1957, onde Kim, no
auge de seus muitos encantos,
contracena com uma Rita
Hayworth que apenas lembrava a Rita dos anos 40, de "Gilda" ou "A Dama de Shanghai".
A tarde tem ainda a comédia
"Sortilégio de Amor"
(15h55), que eu nunca vi, não
conscientemente pelo menos,
mas que também é dos anos 50
e dirigido por Richard Quine,
com quem Kim se deu sempre
muito bem.
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