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Última Moda
O novo faro de Ocimar
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
O estilista sai do ostracismo em que imergiu após negócios malsucedidos e lança uma linha de produtos de beleza
Há três anos, um negócio desastrado levou o estilista Ocimar Versolato -um dos principais nomes da moda brasileira- a fechar as suas lojas e a desaparecer do centro da cena
fashion do país. Agora, ele está
de volta. Não exatamente à moda, mas como protagonista de
um ambicioso lançamento de
lojas e produtos de beleza e de
perfumaria com o seu nome.
O projeto foi desenvolvido
com a empresa DNA Brasil, que
atua com produtos de beleza no
interior de São Paulo. As primeiras seis franquias abrem
em março, também no interior
paulista -em Bauru, Marília,
Ribeirão Preto, Sorocaba, Itu e
Piracicaba. Na capital, três
franquias estão sendo negociadas e as lojas devem ser inauguradas no primeiro semestre.
De início, serão lançados 370
produtos, femininos e masculinos, de perfumes à maquiagens, de cremes para o corpo
até aromas para a casa. Todos
foram criados com a participação direta do estilista, que fez
também a direção criativa das
embalagens e da arquitetura
das lojas Ocimar Versolato
Cosmetics, além de desenhar o
uniforme das vendedoras.
Ao contrário do que ocorria
com as roupas criadas por Ocimar, sempre dirigidas aos mais
ricos, agora o público-alvo do
estilista é a classe média. "Mas
não fiz nenhuma concessão.
São produtos também sofisticados. É a grande escala de produção que vai permitir que tenham um preço acessível", diz.
Um dos xodós do estilista é a
série de 13 perfumes -que custarão entre R$ 90 e R$ 180. Eles
foram desenvolvidos por Ocimar e duas empresas estrangeiras especializadas no assunto, a
Symrise e a Firmenich. Quatro
fragrâncias tiveram a participação do celebrado perfumista
Alberto Morillas, criador, entre
outros, de Flower by Kenzo.
Não é a primeira vez que Ocimar cria perfumes. Quando foi
estilista da maison Lanvin, ele
esteve à frente do lançamento
de Oxygen. No Brasil, assinou o
perfume Glamour, da Boticário. "Sou apaixonado por perfumes. Tenho 300 frascos em casa. E também sou obcecado por
cremes, que uso desde os 15
anos", conta. Para poder desenvolver os novos perfumes, ele
parou de fumar, a fim de não ter
seu olfato alterado pelo tabaco.
A DNA Brasil, além de comercializar as franquias, cuidará do fornecimento dos produtos às lojas. Até o momento, a
empresa atuou apenas com um
sistema de vendas porta-a-porta. Entre seus produtos, está a
linha de perfumes Ronnie Von.
Com sede em Itapetininga
(SP), a DNA tem três sócios e
foi criada em 2006 por empresários ligados à construção civil
que buscavam outros ramos de
atuação. "A área de cosméticos
nos pareceu a melhor, já que
cresce de 14% a 16% ao ano no
Brasil", diz o empresário Marcelo Terra, 37, um dos sócios da
DNA e a pessoa que convidou
Ocimar a participar do negócio.
O país é hoje o segundo maior
consumidor de produtos de beleza do mundo, após os EUA.
Até a ascensão de Francisco
Costa como diretor de criação
da Calvin Klein, Ocimar foi o
brasileiro que chegou mais alto
no panteão da moda internacional. Depois de trabalhar na
Versace e na Hervé Leger, foi
contratado como diretor de
criação da Lanvin, nos anos 90.
Também tinha um requisitado
ateliê de alta costura em Paris.
Uma série de desarranjos financeiros, somados ao temperamento forte do estilista, levaram-no à bancarrota na França. Ele voltou ao Brasil, onde se
envolveu em outro negócio
malsucedido. Mas Ocimar garante que, agora, superou tudo.
"Superei tanto do ponto de vista legal quanto psicológico,
emocional", diz ele, que venceu
na Justiça o processo que moveu contra seus últimos sócios.
A ironia de Ocimar, porém,
continua a mesma -e implacável, principalmente quando o
assunto é a moda brasileira.
"Ela evoluiu nos últimos anos,
mas os estilistas ainda continuam copiando. Eles precisam
deixar de ser caipiras, achando
que o melhor vem de fora. As
cópias e os blogs são as duas
coisas mais bregas da moda
brasileira", dispara.
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