São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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Livro da Coleção Folha enfoca trabalho

Imagens de Henri Cartier-Bresson e W. Eugene Smith estão no 3º volume de Grandes Fotógrafos, nas bancas no domingo

A fusão entre homem e máquina e a consequente aniquilação da identidade do trabalhador dão o tom de boa parte das imagens

DA REPORTAGEM LOCAL

Um homem recoberto de fuligem negra, o rosto e a roupa com a mesma tonalidade e textura da máquina que ele manuseia numa siderúrgica em Pittsburgh, nos EUA, em 1955, aparece na fotografia de autoria de W. Eugene Smith que ilustra a capa de "Trabalho", o terceiro livro da Coleção Folha Grandes Fotógrafos, que chega às bancas neste domingo.
Essa fusão homem-máquina, com a consequente aniquilação da identidade do sujeito que se torna apenas uma peça na linha de montagem da indústria, dá o tom de boa parte da seleção de imagens deste volume. O livro inclui obras dos fotógrafos Henri Cartier-Bresson, David Seymour, Steve McCurry, além de Smith, todos documentaristas ligados à Magnum. Sediada em Paris desde 1947, a agência pautou o fotojornalismo no mundo, com uma abordagem mais humanista, revelando e denunciando as mazelas dos sistemas políticos, econômicos e sociais.
Algumas imagens pinçadas das célebres séries que Smith fez para a revista "Life" rememoram o auge das reportagens fotográficas em que o fotógrafo passava meses produzindo o material antes de publicá-lo.
Uma dessas imagens mostra pescadores em ação na baía de Minamata, no Japão, em 1972. Resíduos industriais de mercúrio haviam contaminado seriamente a região causando cerca de 3.000 mortes. No ano em que essa foto foi feita, Smith visitou Chisso, a indústria causadora do desastre, onde foi recebido por capangas que lhe deram uma surra, deixando-o com sequelas, como perda parcial da visão, até sua morte, em 1978, aos 59 anos.
As péssimas condições de trabalho da primeira metade do século passado também são o foco das imagens de David Seymour, que abre o livro com um retrato de duas crianças trabalhando numa mina de carvão, em 1935, na França. A expressão de cansaço que denuncia a perda da infância faz contraponto histórico com a fotografia editada ao lado, captada um ano depois, na qual trabalhadores franceses festejam, pendurados num guindaste, a conquista da jornada de trabalho de 40 horas semanais e férias remuneradas, após período de agitações sociais e greves.
Nas imagens de Cartier-Bresson entra em foco justamente esse momento em que o homem passa a ter uma relação mais harmônica com seu ofício e obtém melhores condições de trabalho com fotografias realizadas na França e na Rússia.
As reportagens de McCurry na Ásia trazem as primeiras fotografias coloridas da coleção, com enfoque no trabalho artesanal, como na bela imagem de pescadores no Sri Lanka (1995), que trabalham sobre o mar apoiados em finos mastros, realizando movimentos, sob um fundo azul, que remete a uma estudada coreografia.


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