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Livro da Coleção Folha enfoca trabalho
Imagens de Henri Cartier-Bresson e W. Eugene Smith estão no 3º volume de Grandes Fotógrafos, nas bancas no domingo
A fusão entre homem e máquina e a consequente aniquilação da identidade do trabalhador dão o tom
de boa parte das imagens
DA REPORTAGEM LOCAL
Um homem recoberto de fuligem negra, o rosto e a roupa
com a mesma tonalidade e textura da máquina que ele manuseia numa siderúrgica em Pittsburgh, nos EUA, em 1955, aparece na fotografia de autoria de
W. Eugene Smith que ilustra a
capa de "Trabalho", o terceiro
livro da Coleção Folha Grandes
Fotógrafos, que chega às bancas neste domingo.
Essa fusão homem-máquina,
com a consequente aniquilação
da identidade do sujeito que se
torna apenas uma peça na linha
de montagem da indústria, dá o
tom de boa parte da seleção de
imagens deste volume. O livro
inclui obras dos fotógrafos Henri Cartier-Bresson, David Seymour, Steve McCurry, além de
Smith, todos documentaristas
ligados à Magnum. Sediada em
Paris desde 1947, a agência pautou o fotojornalismo no mundo, com uma abordagem mais
humanista, revelando e denunciando as mazelas dos sistemas
políticos, econômicos e sociais.
Algumas imagens pinçadas
das célebres séries que Smith
fez para a revista "Life" rememoram o auge das reportagens
fotográficas em que o fotógrafo
passava meses produzindo o
material antes de publicá-lo.
Uma dessas imagens mostra
pescadores em ação na baía de
Minamata, no Japão, em 1972.
Resíduos industriais de mercúrio haviam contaminado seriamente a região causando cerca
de 3.000 mortes. No ano em
que essa foto foi feita, Smith visitou Chisso, a indústria causadora do desastre, onde foi recebido por capangas que lhe deram uma surra, deixando-o
com sequelas, como perda parcial da visão, até sua morte, em
1978, aos 59 anos.
As péssimas condições de
trabalho da primeira metade
do século passado também são
o foco das imagens de David
Seymour, que abre o livro com
um retrato de duas crianças
trabalhando numa mina de carvão, em 1935, na França. A expressão de cansaço que denuncia a perda da infância faz contraponto histórico com a fotografia editada ao lado, captada
um ano depois, na qual trabalhadores franceses festejam,
pendurados num guindaste, a
conquista da jornada de trabalho de 40 horas semanais e férias remuneradas, após período
de agitações sociais e greves.
Nas imagens de Cartier-Bresson entra em foco justamente esse momento em que o
homem passa a ter uma relação
mais harmônica com seu ofício
e obtém melhores condições de
trabalho com fotografias realizadas na França e na Rússia.
As reportagens de McCurry
na Ásia trazem as primeiras fotografias coloridas da coleção,
com enfoque no trabalho artesanal, como na bela imagem de
pescadores no Sri Lanka
(1995), que trabalham sobre o
mar apoiados em finos mastros, realizando movimentos,
sob um fundo azul, que remete
a uma estudada coreografia.
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