|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Crítica
"O Divã" espanta por comover com candidez
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Deve haver algo muito errado com as mulheres, as nossas,
brasileiras, que amaram "O Divã" (TC Premium, 22h; 12
anos). Não errado com elas,
mas com a nossa civilização,
porque chega a ser patético o
que se vê ali.
A atriz Lilia Cabral vive uma
mulher casada, que não sabe de
nada, exceto fazer compras.
Por algum motivo, ela vai a um
psicanalista, ou antes, a um divã, ao qual conta a história de
sua vida. Sabemos de sua vida
menos pela análise do que pelas
conversas com uma amiga e
confidente.
O certo é que ela acaba se livrando do marido opressor.
Sem problema: em sua vida
aparecerá ninguém menos que
Reynaldo Gianecchini (não será o único, de todo modo). Chove na horta da coroa, por assim
dizer, já que Gianecchini é o galã nacional por excelência, e as
mulheres parecem adorar sua
fala mole (ou serão outros os
atributos adorados?).
Não me espanta Gianecchini.
Estamos em um sonho, então
convém sonhar de corpo inteiro: por que não um galãzão na
vida da mulher madura? O que
espanta é essa história de uma
candidez colossal comover tanto as mulheres.
É sinal de que nós, homens,
somos muito mais opressores
do que podemos imaginar. Que
a ideia de igualdade de gêneros,
ou algo próximo disso, está
bem mais distante do que se
possa pensar. Enfim, eis um sucesso a seu modo inquietante.
Texto Anterior: O melhor do dia Próximo Texto: José Simão Índice
|