São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

"O Divã" espanta por comover com candidez

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Deve haver algo muito errado com as mulheres, as nossas, brasileiras, que amaram "O Divã" (TC Premium, 22h; 12 anos). Não errado com elas, mas com a nossa civilização, porque chega a ser patético o que se vê ali.
A atriz Lilia Cabral vive uma mulher casada, que não sabe de nada, exceto fazer compras. Por algum motivo, ela vai a um psicanalista, ou antes, a um divã, ao qual conta a história de sua vida. Sabemos de sua vida menos pela análise do que pelas conversas com uma amiga e confidente.
O certo é que ela acaba se livrando do marido opressor. Sem problema: em sua vida aparecerá ninguém menos que Reynaldo Gianecchini (não será o único, de todo modo). Chove na horta da coroa, por assim dizer, já que Gianecchini é o galã nacional por excelência, e as mulheres parecem adorar sua fala mole (ou serão outros os atributos adorados?).
Não me espanta Gianecchini. Estamos em um sonho, então convém sonhar de corpo inteiro: por que não um galãzão na vida da mulher madura? O que espanta é essa história de uma candidez colossal comover tanto as mulheres.
É sinal de que nós, homens, somos muito mais opressores do que podemos imaginar. Que a ideia de igualdade de gêneros, ou algo próximo disso, está bem mais distante do que se possa pensar. Enfim, eis um sucesso a seu modo inquietante.


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