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MODA
Estilista americano agrada fashionistas em Paris
Caprichos de Tom Ford para a YSL são exercício de luxúria e desejo
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
Quatro temporadas depois de
sua estréia à frente da linha Rive
Gauche, o prêt-à-porter de Yves
Saint Laurent, o estilista texano
Tom Ford parece não ter mais
deixado nenhuma dúvida de que
está no lugar certo. O mais suntuoso desfile de toda a temporada
internacional aconteceu na noite
de segunda-feira, no museu Rodin, em Paris.
Esse desfile de inverno estava
sendo considerado uma prova de
fogo. Ford tem precisado matar
um touro a cada coleção (quem
na moda não?), mas o fato de o
próprio Yves Saint Laurent ter decidido abandonar a moda em
março deste ano trouxe o foco
ainda mais para a figura do criador norte-americano.
Ford havia virado uma espécie
de símbolo de um estilo de fazer
moda que havia destronado e desenganado seu mestre supremo, o
maior estilista vivo, Saint Laurent.
Neste inverno, entretanto, Ford
se desprende de vez das amarras e
começa a escrever sua própria
história. Nos bastidores da empresa, promove profundas reestruturações -das lojas ao pessoal, das fragrâncias às campanhas. No desfile, realiza à moda
das grandes encenações da corte
francesa um grande espetáculo
-por si um acontecimento.
Cerca de uma hora antes do horário marcado no convite (preto),
começa a movimentação na pequena rue de Varennes, área dos
ministérios em Paris. Os convidados chegam, com suas melhores
roupas (pretas). Quem tem, não
hesita em vestir Saint Laurent, e
são muitas as sandálias pesadas
de tiras cruzadas, as bolsas mombasa, as animal prints da última
coleção.
Atravessar os portões e passar
pelo carpete roxo, entre as sensuais estátuas de Rodin, dá um
frio na barriga adolescente, mas o
frisson lá dentro é coisa de gente
grande.
Champagne, aroma de perfumes, espelhos, acrílico (preto) e
árvores secas. É o chic contemporâneo, o novo estilo Saint Laurent
by Tom Ford.
Vagarosamente, os convidados
se sentam, a mágica vai começar.
Ao som de Janis Joplin, os olhares
mais curiosos do mundo dissecam, finalmente, o primeiro look.
É a exótica adolescente Natalia,
com um coque meio despenteado, salto alto e... preto.
Nova opulência
Ford faz desfilar uma elegância
exclusiva, assinada, ainda que
simples e, num certo sentido, discreta. Longe da ostentação, faz
dos detalhes sua riqueza, tendo
em mangas superbufantes, vindas do século 18, seu maior excesso. No reinado da nova opulência,
Ford traz cetins, veludos, lãs e,
principalmente, muita transparência, rendas e laços (trés YSL).
Os decotes sugerem; os grandes
volumes nos mantôs escondem, o
azul tão profundo do veludo cinco estrelas (se) confunde com o
preto, quase changeant. É o máximo de cor, com um vinho forte e
com o bege do mantô com a cintura marcada em Maria Carla.
O olhar para o passado e a escuridão profunda (alegadamente
inspirada em Goya) fazem dos caprichos de Tom Ford na Yves
Saint Laurent um exercício do desejo e da luxúria da moda.
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