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"VIAGENS DE UM REPÓRTER - UM BARRIGA-VERDE NA TERRA AZUL"
Relatos de um jornalista viajante
GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Viajar é bom, mas ter viajado é melhor ainda, sobretudo se o viajante possui a inteligente vocação do relato, do olhar arguto, da fina observação e o senso
de geografia, como é o caso de
Paulo Ramos Derengoski, o singularíssimo jornalista de Lajes,
Santa Catarina, que já ofertou à literatura brasileira o clássico
"Guerra do Contestado", a réplica
sulina do arraial de Canudos.
É raro deparar-se com jornalista
que não seja chegado numa viagem. Esse Paulo Ramos Derengoski é um invejável viajor; e,
além disso, representa o jornalismo dos "old times", dos velhos
tempos, escreve muito bem, possui visão de mundo, tem opinião e
preza sua ideologia.
Por isso, não faz jornalismo macumba para turista, nem quer
mostrar-se pimpão e narciso ao
contar suas andanças ao redor do
mundo todo.
Sim, pelo mundo, andando por
tudo quanto é canto. Andador de
continentes como o escritor português Eça de Queiroz. Já esteve
na Rússia, na África, nos Estados
Unidos, na Europa, na Nova Zelândia, no Chile, em San Marino,
na Ilha da Madeira.
Prazeres
"Não fui à Escócia fazer turismo, ouvir gaita de fole, ver saiote
de homens, mulher de cabelos
vermelhos, ovelha lanuda, nobre
decadente, gado de raça ou castelo medieval.
Só fui à velha Escócia conferir (e
degustar) um dos maiores prazeres da vida civilizada: o bom, generoso e inspirador uísque escocês legítimo.
O puro, o respeitado scotch, a
bebida -segundo as últimas estatísticas da ONU- faz diariamente a cabeça de 87 milhões de
pessoas em todo o mundo...", escreve Paulo Ramos Derengoski
no seu recém-lançado volume
"Viagens de um Repórter - Um
Barriga-Verde na Terra Azul".
Um bom livro de viagens, penso
eu, não deve apenas retratar as
países, gentes e os lugares; deve
também revelar a psicologia do
viageiro, digamos assim: o que ele
leva na bagagem cultural, porque
é essa bagagem que define o homem que viaja.
Estamos diante de um jornalista
culto e, como dizia o grande versejador português Luís Vaz de Camões, com saber de experiência
feito.
Lá no México, o jornalista Derengoski evoca o poeta Octavio
Paz para dizer que uma das grandes virtudes do povo mexicano é
o estoicismo.
Em suas observações sempre
aparece, indefectivelmente, a
marca do intelectual brasileiro.
Vêmo-lo incapaz de esquecer o litoral de Santa Catarina, que só
perde em beleza para o mar das
Antilhas.
Enfim, este livro saboroso de
viagem deveria ser indicado a todos os professores e alunos das faculdades de turismo.
Gilberto Felisberto Vasconcellos é
professor de ciências sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) e autor de "Glauber Pátria Rocha Livre" (ed.
Senac) e "A Salvação da Lavoura" (ed.
Casa Amarela), entre outros
Viagens de um Repórter - Um Barriga-Verde na Terra Azul
Autor: Paulo Ramos Derengoski
Editora: Insular
Quanto: R$ 15 (128 págs.)
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