São Paulo, domingo, 13 de março de 2011

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Strokes compõem juntos pela primeira vez

"Angles", que sai neste mês após hiato de cinco anos, investe em funk, reggae e sintetizadores

HERMIONE HOBY
DO "GUARDIAN"

Roqueiros deveriam parecer menores na vida real. Especialmente os que passaram a década com o título de "salvadores do rock".
Mas os Strokes -Julian, Nick, Fab, Albert e Nikolai- são enormes. Especialmente quando comprimidos em um elevador. Eles brincam com o empresário, Ryan Gentles, que tenta falar ao telefone.
"Quem está ligando? É o Barry?", pergunta o guitarrista Albert Hammond Jr. Ele se refere a Barack Obama. Os outros entram na brincadeira: "Ele já ouviu o álbum?".
"Angles", que levou cinco longos anos para sair, é o disco mais aventuroso que a banda já produziu, e suas investidas em terreno novo -sintetizadores dos anos 1980, funk e toques de reggae- não diminuem o clima de excitação. Panes de guitarras e coros vão emocionar os fãs fiéis do passado.
Os três primeiros álbuns foram escritos quase exclusivamente pelo vocalista Julian Casablancas, mas, agora, os Strokes escreveram juntos pela primeira vez.
"Acho que isso tinha que acontecer ou, provavelmente, teríamos nos separado", diz o guitarrista Nick Valensi.
O resultado é uma diversidade instigante, mas esse modo de trabalhar deve ter testado as habilidades diplomáticas ao máximo. "As de alguns mais que as de outros", observa Valensi. Avento a observação de que Julian já foi descrito como ditatorial. Faz-se um silêncio longo e pesado. "Nãããão", responde Valensi devagar. "Julian jamais falou: "Quem escreve as canções sou eu". Sempre me senti encorajado a contribuir." Mais tarde, o baterista Fab Moretti explica: "Julian era um membro tão expressivo e particular da banda, o líder. Acho que ele tinha o plano de ficar de lado para que fôssemos forçados a nos comunicar mais uns com os outros". A banda gravou "Angles", que será lançado no dia 22/3, sem Julian, que fez os vocais em separado. "Ele sabe o que está fazendo, mas não necessariamente coloca isso em palavras. Senti que tínhamos tanta coisa a aprender com este disco, foi quase como com o primeiro", diz Moretti.
"Naquela época, nem passava por nossa cabeça que deveríamos seguir certas diretrizes. Desta vez, está claro o que temos de fazer."
A narrativa dos Strokes parece seguir o rumo da história do rock: fama seguida por álcool, drogas e quase dissolução. "E sexo", diz Casablancas alegremente. Tirando essa omissão, ele admite que a descrição "é mais ou menos exata".
"É engraçado", diz Hammond. "A gente não quer viver um clichê, mas a verdade é que foi isso mesmo." Valensi descreve parte de tudo isso como "realmente ridículo". Agora que eles estão na casa dos 30, ele admite que se sente "mais motivado a fazer a banda funcionar e mais grato por fazer parte de algo especial".
"Me sinto sortudo por contar com esses caras", continua Hammond. "Fico feliz porque tivemos isso, a amizade e a música." "Pretérito", observa Casablancas. "Eu disse isso?" "Você falou no passado." Curiosamente, não é só ele. Todos parecem ter consciência dos Strokes de então, de hoje e deste álbum como a virada.

Tradução de CLARA ALLAIN .


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