São Paulo, sexta, 13 de março de 1998

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Sepultura

Hoje, no aniversário de Zé do Caixão, o Sepultura grava uma música com o rei do terror, que estará no próximo CD da banda

Flavio Florido/Folha Imagem
O ator e cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, que faz 62 anos hoje, com uma festa em que vai cortar as famosas unhas


MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha

Aumentem o estoque de réstias de alho e água benta, providenciem uma reza brava, acendam velas, tranquem portas e janelas. Hoje, sexta-feira 13, primeiro dia da lua cheia, é a data de nascimento de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, cuja festa de aniversário marca a primeira apresentação no Brasil da banda de trash metal Sepultura sem o ex-vocalista Max Cavalera.
Zé do Caixão comemora seus 62 anos de idade e 35 de "terror", declamando o monólogo, "Prenúncio", de sua autoria, acompanhado por Igor Cavalera, Paulo Jr. e Andreas Kisser.
O encontro ocorre à meia-noite no Led Slay, tradicional casa de rock, no Tatuapé (zona sudeste de São Paulo), que este mês completa 26 anos.
A música será gravada ao vivo e integrará o novo álbum do Sepultura, ainda sem nome, com previsão de lançamento para agosto próximo (leia texto abaixo).
No encarte do disco, a letra do monólogo será traduzida para o inglês, já que Marins desfruta de um certo status cult nos EUA, onde é conhecido por Coffin Joe.
"Zé do Caixão sempre foi um dos grandes ídolos da banda (já tínhamos feito uma homenagem a ele no último álbum, "Roots', na música "Ratamahatta', com Carlinhos Brown). Esse encontro vai ser histórico", disse o baterista Igor Cavalera.
"O Sepultura é um grupo que sempre me deu a maior força no exterior. O evento de hoje vai ser uma loucura. Nunca fiz nada parecido com isso antes", disse o ator e cineasta José Mojica Marins.
"Mesmo com tantos anos de carreira, estou sempre aprendendo. Os fãs do Sepultura vão ficar surpresos", completou.
Biografia
Além da festa de hoje -e apesar de não ser um dos mais conhecidos compositores brasileiros-, um livro e um disco manterão Zé do Caixão em evidência pelos próximos dois meses.
Em abril, está previsto o lançamento da biografia do cineasta, "Maldito - A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão", escrita pelos jornalistas André Barcinski e Ivan Finotti.
A idéia inicial seria lançar o livro hoje, mas discordâncias com a editora original (Marins não se lembra qual) em relação às fotos (são cerca de 200) fizeram os escritores trocarem para a editora 34, adiando o lançamento, segundo Marins.
Em maio, a coletânea "As 13 Malditas de Zé do Caixão" deve chegar às lojas. O disco terá 13 músicas, "na linha rock", com nomes como Sepultura, Raimundos e Ramones. "Ainda não fechamos com nenhuma gravadora."
Entre as músicas, Zé do Caixão planeja fazer uma breve apresentação da canção a seguir.
Documentário e ritual
No decorrer da festa, Marins vai filmar o documentário de dez minutos "Rock do Terceiro Milênio" em 35 mm. "Será a minha última obra em que apareço de unhas compridas", disse Marins.
"Vou registrar toda a loucura da galera do rock, as pessoas saindo das sepulturas."
Marins ainda reserva uma performance macabra com as "diabetes", como são chamadas as moças que o acompanham nos espetáculos. "Será um ritual de magia negra, ideal para uma sexta-feira 13, porque eu também nasci em uma sexta-feira 13."
"Extensões digitais"
Apesar de Marins ser o aniversariante, os presenteados da noite, por enquanto, serão Igor, o jornal "Notícias Populares" e uma instituição de crianças carentes.
O mimo em questão serão as cinco gigantes unhas ("extensões digitais", segundo ele) da mão esquerda do ator de terror.
"Já garanti a minha, do polegar, que vou emoldurá-la e colocar na parede", disse Igor.
A que vai para a instituição de caridade, ainda a ser escolhida, será leiloada pela Internet.
A última vez que o ator aparou suas unhas (da mão direita) foi no réveillon de 1984, no extinto programa "Viva a Noite", apresentado por Gugu Liberato, do SBT.
A tosa, desta vez, será definitiva, segundo Marins. "Vou sentir a liberdade da mãos depois de muito tempo, mas vou usar dedeiras, quando quiser ter unhas grandes", disse Zé do Caixão.
As duas unhas restantes ainda estão sem destino certo, de acordo com Marins.
Cultivadas desde os anos 60, as unhas de Marins estão causando atrofiamento de seus dedos, devido à pouca mobilidade de sua mão. Hoje, Zé do Caixão, além de assoprar as velinhas, não terá dificuldades em bater palmas durante o "Parabéns a Você".

O quê: Aniversário de Zé do Caixão com participação de Sepultura Onde: Led Slay (av. Celso Garcia, 5.765, Tatuapé. Informações: 011/223-1943 e 220-4241) Quando: hoje, à meia-noite; a casa abre às 21h Quanto: R$ 20


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