São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2005

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ELETRÔNICA

Pela terceira vez no Brasil, DJ canadense toca hoje no Jockey Club do Rio, após exibição dos volumes 1 e 2 de "Kill Bill"

Kid Koala testará samples de novo disco em solo carioca

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem sobreviver à maratona de assistir, de uma só tacada, aos volumes 1 e 2 de "Kill Bill", na sessão de hoje do Vivo Open Air, no Rio de Janeiro, terá a chance de ver um outro ninja em ação: Kid Koala, o ninja dos toca-discos.
Apresentando-se pela terceira vez no Brasil -a última, como atração do sonarsound SP, em outubro de 2004-, o DJ canadense Eric San, vulgo Kid Koala, maneja os pick-ups como se fossem instrumentos musicais.
Com seus scratches, a técnica de "raspar" a agulha nos discos de vinil, Koala consegue simular de guitarras a trompetes numa apresentação que, embora carregue algo do hip hop tradicional, passeia também pelo jazz, pelo ska e por outros gêneros mais orgânicos da história da música.
É que, além da paixão pelos discos, o DJ estudou piano clássico por oito anos na infância.
"Era uma formação muito orientada para audições, competições, em que tudo o que eu fazia tentava seguir certos padrões. Improvisação, composição, isso não era prioridade", falou à Folha, por telefone, Koala, 30, que "se converteu" aos toca-discos ainda aos 12 anos quando viu um DJ se apresentando em uma loja.
"Era um ofício tão novo, em que você tinha todas as possibilidades pela frente. Todo mundo que estava envolvido naquela cena queria ver até onde ela poderia ir."
Com dois álbuns lançados pelo selo inglês Ninja Tune ("Carpal Tunnel Syndrome", 2000; "Some of My Best Friends Are DJ's", 2003) e 17 anos pilotando os pick-ups, Koala é um dos que podem dizer que levou "o ofício" a lugares antes inimagináveis.
Participou da criação da banda virtual Gorillaz, com Damon Albarn e Dan the Automator; saiu em turnê com Ben Harper, Radiohead e o ex-Beastie Boys Money Mark, como o terceiro "instrumento" de um trio composto por baixo, teclado e pick-ups; fez apresentações ao vivo com até oito toca-discos em salas de concerto e cabarés e até desenhou e musicou uma revista em quadrinhos ("Nufonia Must Fall", ECW Press) em 2003.
"O que me move na música é o sentimento que você consegue passar com ela. Não importa se está usando um realejo, um toca-discos ou um saxofone, desde que expresse aquilo que queira. E os toca-discos foram o instrumento com que eu mais consegui me relacionar. As pessoas vão ver as bandas de rock e saem querendo tocar bateria ou virar vocalista. Eu sou muito tímido para cantar. Quando vi um pick-up pela primeira vez pensei: "Aí está algo que consigo fazer!". Requer prática mas também requer uma cabeça aberta. O pick-up é o camaleão dos instrumentos."
Sobre o repertório de hoje à noite em território carioca, Koala afirma que vai testar pela primeira vez alguns samples de seu novo disco, ainda sem nome e um pouco mais calcado no rock'n'roll. "Se há algo que se pode esperar de mim, é que o som vai se espalhar por todos os campos. Não me interessa usar o toca-discos de uma só forma." E completa: "Morando no Canadá, o clima obriga qualquer um a se sentir de maneiras diferentes. A música que você faz no inverno não é a mesma que faz no verão. Se o show for a céu aberto, pode até derreter os discos completamente, mas o som vai ser muito mais interessante!".


Vivo Open Air - "Kill Bill - Vol 1.", "Kill Bill - Vol. 2" e Kid Koala
Quando:
hoje, a partir das 20h
Onde: Jockey Club do Rio de Janeiro (r. Jardim Botânico, 1.003, Jardim Botânico, RJ, tel. 0/xx/21/3204-4147)
Quanto: R$ 26 (R$ 13 com carteira de estudante)


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