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THIAGO NEY
Rockmática
Criativa e desconcertante, a música "Atlas" agrupa várias referências e é ao mesmo tempo pop e experimental
COMEÇA COM uma bateria glam
rock, que lembra Gary Glitter. Entra um riff de guitarra,
acompanhado por barulhos estranhos, como grunhidos. Depois, um
vocal distorcido, cantado como se
fosse um mantra. O ritmo muda
constantemente, num vaivém alucinante, mas sem nunca sair de seu eixo. Assim é "Atlas", a música mais
criativa e desconcertante do rock
atual.
"Atlas" tem guitarra pesada que
lembra Queens of the Stone Age;
guitarras minimalistas; batidas sincopadas de alma disco; muitos efeitos eletrônicos. Tudo ao mesmo
tempo e tudo colocado como uma
massa homogênea que, lá pelas tantas, é ordenada em um crescendo
que faz qualquer um sair do chão.
É impressionante a quantidade de
referências despejadas em pouco
mais de quatro minutos. O clima é
eufórico, esquizofrênico. Consegue
ser pop e experimental na mesma
medida -sonho de qualquer artista.
A música do ano, lançada em single na Europa no mês passado, é
obra do quarteto norte-americano
Battles. "Atlas" é a principal canção
do primeiro disco da banda, "Mirrored", que sai em junho por meio do
prestigioso selo inglês Warp (de
Aphex Twin, !!! e Prefuse 73).
Após "Atlas", o Battles, nome antes desconhecido no cenário roqueiro, vem ganhando espaço tanto em
jornais impressos ("Guardian",
"New York Times") como nos sempre velozes blogs de MP3.
A banda é um dos principais expoentes do que ficou conhecido como "math rock", ou, aportuguesando, rock matemático. Ganhou esse
nome porque, diferentemente do
rock clássico, sua estrutura é dissonante, de métrica rítmica complexa.
O grupo é formado pelo baterista
John Stanier (que já tocou no Helmet e no Tomahawk), pelos guitarristas Ian Williams (ex-Don Caballero) e Dave Konopka, além do
multiinstrumentista e vocalista
Tyondai Braxton, que é filho do
compositor jazzista Anthony Braxton.
Dificilmente o disco "Mirrored"
sairá no Brasil. Dá para ouvir
"Atlas" e outras canções do grupo
no www.myspace.com/battlestheband.
Além disso, no YouTube, há o
vídeo futurista da música, em que
eles flutuam no espaço dentro de
uma caixa de vidro, além de uma
ótima versão ao vivo, apresentada
em Chicago.
thiago@folhasp.com.br
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