São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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Crítica

"Sansão e Dalila" mostra diretor de narrativa "kitsch"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

No catolicismo, a fé passa pelas imagens. Em outras religiões não é assim. Houve o caso do pastor evangélico que chutou uma santa para provar que ela não passa de uma imagem.
É todo o problema do cinema (e hoje estréia "Maria", de Abel Ferrara, que o reivindica): quando uma imagem vive e quando é uma coisa inerte? Quando "não passa de imagem" e quando carrega uma verdade?
Será uma heresia evocar essas questões a propósito de "Sansão e Dalila" (TC Cult, 19h40), feito por Cecil B. DeMille em 1949? Penso que não. Para os mais antigos, os que viveram os anos 50, a fé muitas vezes se revelava nesses filmes bíblicos. DeMille era maroto: sabia erotizar a fé e tirar seu efeito por todos os lados. A um Sansão de musculatura privilegiada -para a época (era Victor Mature) corresponde uma Dalila belíssima -para qualquer época (Hedy Lamarr).
A verdade de DeMille está no fausto, no excesso, no "kitsch", tanto quanto na narrativa bíblica: ambas foram feitas para atrair o público.


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