São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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NY é dos homens em nova série

Estréia do próximo sábado na HBO, "Mad Men" narra rotina de agência onde eles mandam e elas obedecem

Publicitários fumam, bebem, fazem piadas machistas e traem em série que se passa no início dos anos 60, antes do politicamente correto

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um publicitário descobre um segredo de seu chefe. Após uma tentativa de chantagem, o publicitário vai, com o tal chefe, ao escritório do dono da agência. Publicitário: "Ele não é quem afirma ser. Ele é uma fraude, um mentiroso!".
Dono da agência: "Quem se importa? Este país foi construído por homens com histórias muito piores do que qualquer coisa que você possa me contar. Preocupe-se em trazer clientes para a agência". A cena está em um dos episódios de "Mad Men", série que estréia no próximo sábado, às 20h, no canal pago HBO.
A assumida falta de escrúpulos não é a única característica que une os personagens desse seriado, ambientado em uma agência de publicidade de Nova York, no início dos anos 1960 (no final dos anos 1950, o termo "mad men" passou a ser utilizado para descrever os publicitários nova-iorquinos). Talvez pela época em que a trama se desenvolva, "Mad Men" é livre de qualquer componente politicamente correto.
Seus personagens fumam, bebem, fazem piadas machistas, fumam, bebem, pulam a cerca, condenam o homossexualismo, fumam e bebem mais um pouco -de vez em quando, entram em reunião com algum cliente, mas continuam fumando e tomando uísque.

Donas-de-casa
A trama de "Mad Men" tem em Don Drapper (interpretado por Jon Hamm), o tal chefe da agência que possui um segredo, o fio condutor da narrativa.
Todos na equipe de Drapper com alguma função criativa são homens, como Pete Campbell (Vincent Kartheiser), o publicitário ambicioso que, mais tarde, tenta desmascarar Drapper.
As mulheres são, no máximo, donas-de-casa (as mulheres dos publicitários) ou secretárias. Uma delas é a voluptuosa Joan Holloway (Christina Hendricks); outra é Peggy Olsen, secretária de Drapper, cujo papel ganha importância com o decorrer da série. Peggy é interpretada por Elisabeth Moss.
O início da preocupação com os malefícios do cigarro e a campanha presidencial norte-americana (com John Kennedy como candidato) estão entre as paisagens que servem como pano de fundo desse ambiente.

Prêmios
"Mad Men" possui teor dramático, mas os diálogos são costurados por piadas afiadas. O início dos anos 60 em Nova York aparece com charme tanto na cenografia quanto no figurino dos personagens. Nos Estados Unidos, a primeira temporada do programa foi exibida entre julho e outubro de 2007, em 13 episódios.
Produzida pela pequena rede AMC, a série garantiu uma segunda temporada, graças às ótimas críticas e aos vários prêmios recebidos -ganhou dois dos principais prêmios do Globo de Ouro deste ano: o de melhor série dramática e o de melhor ator em série dramática (para Jon Hamm).
O seriado saiu da cabeça de Matthew Weiner, que foi roteirista de "Família Soprano". Nos EUA, os executivos de TV procuram algo que ocupe o buraco deixado por Tony Soprano e cia. "Mad Men" é a aposta.


MAD MEN
Quando:
estréia no próximo sábado, às 20h
Onde: no canal HBO


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