|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apresentador narra sua trajetória nos negócios
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua carta ao Tribunal Regional Federal (TRF), Silvio Santos tenta convencer os desembargadores de que o fim da Tele Sena
prejudica o SBT e, consequentemente, favorece a Globo.
Santos reproduz trechos do livro "Notícias do Planalto", de
Mario Sergio Conti, que demonstram a influência da concorrente
na política nacional.
De forma linear, ele narra sua
trajetória desde 1958, quando era
locutor da Rádio Nacional e foi
chamado por Manoel da Nóbrega
a liquidar o Baú da Felicidade. "Vi
que, se bem administrado, (o
Baú) seria um bom negócio."
Em seguida, fala da fase em que
alugava horários em rádios e TVs,
diz que assim foi crescendo e que
"chamou a atenção do público e
do governo", até ganhar sua primeira concessão de TV, em 1976,
no Rio de Janeiro.
Santos conta que passou no
"teste" do governo militar e que,
em 1981, o então presidente João
Batista Figueiredo "achou" que
ele "teria condições pessoais e
profissionais para assumir o controle de uma rede".
O empresário escreve que seus
"compromissos se agigantaram
com o início de uma rede".
"Eu quase fui à falência em
1990", afirma. Diz que foi salvo
por empréstimos do Bradesco e
do Banespa e pela venda da TV
Corcovado, canal 9 do Rio, em
1992. "A situação estava tão ruim
que eu ia fechar o Baú, entregar a
rede ao governo."
Justifica que "era muito difícil,
quase impossível, conseguir
anúncios no mercado publicitário, em razão da concorrência da
primeira rede".
Silvio Santos então narra como
descobriu a "solução". "Lancei no
Brasil o Clam, primeiro plano de
saúde com capitalização, que oferecia assistência médica e hospitalar com a devolução integral do
dinheiro capitalizado após 20
anos. Foi um sucesso de vendas."
No entanto, após ser abordado
por um casal que tivera o filho
morto em um hospital conveniado ao Clam, Santos decidiu acabar com o plano.
"Imaginei um outro plano de
capitalização, que não trouxesse
nenhum problema de consciência
e que pudesse salvar os meus negócios." Nascia a Tele Sena.
Relata que, "com os recursos gerados pela Tele Sena", o SBT "se
consolidou, sendo a segunda da
América do Sul", e que "foram assinados contratos de US$ 150 milhões com a Disney, Warner e Televisa para a compra de filmes e
novelas, entre outros negócios".
"Essa expansão ocorreu unicamente com recursos que o título
de capitalização Tele Sena traz para o grupo", esclarece.
Finalizando, Silvio Santos afirma que a Tele Sena é legal e que o
processo está tirando o seu sono.
"Se eu for à falência (não é drama), não vou poder andar na rua.
Já vi outros empresários com uma
história igual. Confiaram em homens do governo, fracassaram e
"perderam" tudo. Eu não vou fracassar, porque Deus vai decidir,
usando os doutores juízes como
seus instrumentos."
(DC)
Texto Anterior: Para entender o caso Próximo Texto: Trechos Índice
|