São Paulo, sábado, 13 de maio de 2000


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Apresentador narra sua trajetória nos negócios

DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua carta ao Tribunal Regional Federal (TRF), Silvio Santos tenta convencer os desembargadores de que o fim da Tele Sena prejudica o SBT e, consequentemente, favorece a Globo.
Santos reproduz trechos do livro "Notícias do Planalto", de Mario Sergio Conti, que demonstram a influência da concorrente na política nacional.
De forma linear, ele narra sua trajetória desde 1958, quando era locutor da Rádio Nacional e foi chamado por Manoel da Nóbrega a liquidar o Baú da Felicidade. "Vi que, se bem administrado, (o Baú) seria um bom negócio."
Em seguida, fala da fase em que alugava horários em rádios e TVs, diz que assim foi crescendo e que "chamou a atenção do público e do governo", até ganhar sua primeira concessão de TV, em 1976, no Rio de Janeiro.
Santos conta que passou no "teste" do governo militar e que, em 1981, o então presidente João Batista Figueiredo "achou" que ele "teria condições pessoais e profissionais para assumir o controle de uma rede".
O empresário escreve que seus "compromissos se agigantaram com o início de uma rede".
"Eu quase fui à falência em 1990", afirma. Diz que foi salvo por empréstimos do Bradesco e do Banespa e pela venda da TV Corcovado, canal 9 do Rio, em 1992. "A situação estava tão ruim que eu ia fechar o Baú, entregar a rede ao governo."
Justifica que "era muito difícil, quase impossível, conseguir anúncios no mercado publicitário, em razão da concorrência da primeira rede".
Silvio Santos então narra como descobriu a "solução". "Lancei no Brasil o Clam, primeiro plano de saúde com capitalização, que oferecia assistência médica e hospitalar com a devolução integral do dinheiro capitalizado após 20 anos. Foi um sucesso de vendas."
No entanto, após ser abordado por um casal que tivera o filho morto em um hospital conveniado ao Clam, Santos decidiu acabar com o plano.
"Imaginei um outro plano de capitalização, que não trouxesse nenhum problema de consciência e que pudesse salvar os meus negócios." Nascia a Tele Sena.
Relata que, "com os recursos gerados pela Tele Sena", o SBT "se consolidou, sendo a segunda da América do Sul", e que "foram assinados contratos de US$ 150 milhões com a Disney, Warner e Televisa para a compra de filmes e novelas, entre outros negócios".
"Essa expansão ocorreu unicamente com recursos que o título de capitalização Tele Sena traz para o grupo", esclarece.
Finalizando, Silvio Santos afirma que a Tele Sena é legal e que o processo está tirando o seu sono.
"Se eu for à falência (não é drama), não vou poder andar na rua. Já vi outros empresários com uma história igual. Confiaram em homens do governo, fracassaram e "perderam" tudo. Eu não vou fracassar, porque Deus vai decidir, usando os doutores juízes como seus instrumentos." (DC)


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