São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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CINEMA

Produzido pela filha do diretor, "A Mochila do Mascate" entra em cartaz em três cidades

Gianni Ratto ganha perfil nas telas

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Disponibilidade é palavra-chave no teatro, diz Gianni Ratto. No cinema também. E lá se foi ele, aos 87 anos, em cadeira de rodas, rememorar in loco pessoas e paisagens da Itália natal. Um percurso afetivo e audiovisual que não poderia deixar de abarcar o Brasil, sua gente e sua arte, com os quais contracenou por mais de meio século século.
Um homem de teatro no cinema é o que propõe "A Mochila do Mascate - Gianni Ratto", filme que estreou ontem no país com apenas três cópias (RJ, DF e SP, aqui no cine Bombril).
Em 2003, Antonia Ratto partiu em viagem com seu pai, o diretor e cenógrafo italiano que viu o filme ser exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo antes de sua morte, no final de 2005, aos 89 anos.
Antonia sempre almejou o projeto. "Por que a vida de meu pai é épica, passa pela Segunda Guerra, a deserção do Exército italiano, a vinda para o Brasil, as pessoas com quem ele trabalhou e ainda a relação com o teatro, que era um elemento vital para ele. Tudo muito fascinante", diz.
Produtora e co-roteirista, Antonia convidou a documentarista Gabriela Greeb para a direção, seu primeiro longa-metragem. Tinham como meta um filme que não fosse "sobre" Ratto, mas que contivesse o "espírito" dele.
Gabriela viu como possibilidade de convergência para a tela a poesia inerente à autobiografia de Ratto ("A Mochila do Mascate", ed. Hucitec, 1996), que serviu como ponto de partida.
"Já no final das filmagens, Gianni disse: "Vocês filmaram muita coisa, mas acho que somente alguns pontos são fundamentais. Não tenha medo de fazer um filme de silêncios e repetições." Nessa frase dele estava o mapa da montagem, uma composição. Eu segui o mapa", diz a diretora.
No filme, uma certa dinâmica "on the road" traz à tona a emoção em Ratto. Encontros, por exemplo, com o diretor italiano Dario Fo em Gênova ou com o humorista Millôr Fernandes no Rio de Janeiro.
O perfil do diretor e cenógrafo é esculpido ainda por meio de depoimentos de atrizes como Fernanda Montenegro e Maria Della Costa; de mulheres com quem viveu; ou da releitura, pelo mestre, de uma carta que enviou a sua mãe na Itália, décadas atrás. Maria Ratto era compositora e tem fragmentos de uma partitura sua na trilha.


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