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CINEMA
Produzido pela filha do diretor, "A Mochila do Mascate" entra em cartaz em três cidades
Gianni Ratto ganha perfil nas telas
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Disponibilidade é palavra-chave no teatro, diz Gianni Ratto. No
cinema também. E lá se foi ele, aos
87 anos, em cadeira de rodas, rememorar in loco pessoas e paisagens da Itália natal. Um percurso
afetivo e audiovisual que não poderia deixar de abarcar o Brasil,
sua gente e sua arte, com os quais
contracenou por mais de meio século século.
Um homem de teatro no cinema é o que propõe "A Mochila do
Mascate - Gianni Ratto", filme
que estreou ontem no país com
apenas três cópias (RJ, DF e SP,
aqui no cine Bombril).
Em 2003, Antonia Ratto partiu
em viagem com seu pai, o diretor
e cenógrafo italiano que viu o filme ser exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo
antes de sua morte, no final de
2005, aos 89 anos.
Antonia sempre almejou o projeto. "Por que a vida de meu pai é
épica, passa pela Segunda Guerra,
a deserção do Exército italiano, a
vinda para o Brasil, as pessoas
com quem ele trabalhou e ainda a
relação com o teatro, que era um
elemento vital para ele. Tudo
muito fascinante", diz.
Produtora e co-roteirista, Antonia convidou a documentarista
Gabriela Greeb para a direção, seu
primeiro longa-metragem. Tinham como meta um filme que
não fosse "sobre" Ratto, mas que
contivesse o "espírito" dele.
Gabriela viu como possibilidade
de convergência para a tela a poesia inerente à autobiografia de
Ratto ("A Mochila do Mascate",
ed. Hucitec, 1996), que serviu como ponto de partida.
"Já no final das filmagens, Gianni disse: "Vocês filmaram muita
coisa, mas acho que somente alguns pontos são fundamentais.
Não tenha medo de fazer um filme de silêncios e repetições." Nessa frase dele estava o mapa da
montagem, uma composição. Eu
segui o mapa", diz a diretora.
No filme, uma certa dinâmica
"on the road" traz à tona a emoção em Ratto. Encontros, por
exemplo, com o diretor italiano
Dario Fo em Gênova ou com o
humorista Millôr Fernandes no
Rio de Janeiro.
O perfil do diretor e cenógrafo é
esculpido ainda por meio de depoimentos de atrizes como Fernanda Montenegro e Maria Della
Costa; de mulheres com quem viveu; ou da releitura, pelo mestre,
de uma carta que enviou a sua
mãe na Itália, décadas atrás. Maria Ratto era compositora e tem
fragmentos de uma partitura sua
na trilha.
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