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Crítica/televisão
Série mostra viagem dos videogames pelo tempo
"A Era dos Videogames" vai do Atari aos RPGs on-line em cinco episódios
THÉO AZEVEDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Eu lancei a maldição dos videogames sobre o mundo",
brinca Steve Russell no primeiro dos cinco episódios de "A
Era do Videogame", série que
começa a ser exibida na quarta-feira pelo Discovery Channel.
O responsável pelo primeiro
jogo para computador, "Spacewar!", criado em 1961, é um dos
entrevistados da produção, que
explica, pixel a pixel, como a
"brincadeira séria" dos jogos
eletrônicos se transformou em
uma indústria bilionária.
Em vez de manter as abordagens usuais, comparando os games com a indústria de Hollywood -ou, pior, associando-os
ao terrorismo e à violência-, o
documentário os coloca onde
devem estar, ou seja, como uma
manifestação cultural importante, levando o telespectador a
pensar sobre os jogos eletrônicos como reflexos do tempo.
É uma história rica, que começa na década de 50, época
em que "pressionar o botão"
poderia significar o fim do
mundo, imagem mudada pelo
predecessor de "Pong", "Tennis for Two", criado por um
cientista que ficaria mais conhecido por ter participado do
projeto da bomba atômica.
Anos mais tarde, quando a TV
funcionava como uma máquina
de más notícias, graças à Guerra do Vietnã, o Atari levou os
games para a sala de estar.
A série é recheada de entrevistas, uma oportunidade e tanto para conhecer figuras como
Nolan Bushnell e Alexey Pajitnov, criadores do Atari e Tetris,
respectivamente, e Shigeru Miyamoto, ícone da indústria e
responsável por "Super Mario
Bros.", que salvou os games da
falência em época carente de
personagens e heróis.
Diversão de gente grande
"A Era..." passeia por diferentes épocas sem seguir necessariamente uma ordem cronológica, o que dá dinamismo à produção, entremeada por trechos
de jogos, desde os clássicos até
os recém-chegados. Por isso,
em questão de segundos, os games vão da pureza e inocência
do bigode de Mario aos crimes
do controverso Grand Theft
Auto (ou simplesmente GTA).
Tanta agilidade faz o programa valer a pena até para os que
não jogam mais, enquanto os
"gamemaníacos", que costumam se preocupar com a sua
paixão sendo distorcida por
produções da grande mídia, devem ir ao êxtase ao ver tantos
estudiosos, jornalistas e membros do setor juntos. É claro
que os mais perfeccionistas verão uma ou outra pequena incoerência, como imagens de
Tomb Raider quando o assunto
são jogos on-line, mas nada que
vá agitar os fóruns na web.
Do meio para o fim da minissérie entram em cena algumas
tendências, como o uso da realidade virtual para recrutamento militar, que tem como símbolo máximo "America's
Army", produzido pelo exército
dos EUA. Mas faltou aprofundar o tema -a tecnologia dos
jogos também tem sido usada
em aplicações médicas, educacionais, cidadãs etc.
O último episódio é sobre internet e games on-line, como os
RPGs "World of WarCraft" e
"EverQuest", que reúnem milhares de pessoas em mundos
de fantasia. Porém, surpreende
o excessivo enfoque em "Second Life" que, embora tenha
sua parcela de importância no
mundo virtual, não é um jogo
propriamente dito, mas uma
ferramenta de socialização.
Temas como, por exemplo, as
novas profissões que os games
criaram ficaram de fora. Mas,
em geral, "A Era do Videogame" se sai muito bem ao desvelar a "maldição" de Russell por
vários ângulos, da simples diversão à manifestação cultural,
como parte integrante da sociedade moderna. Durante as próximas semanas, às 21h, dê um
"pause" e vá assistir.
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