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Documentário narra histórias de Joe Strummer
Ex-vocalista do Clash é tema de "Joe Strummer: O Futuro Está para Ser Escrito", que será exibido em mostra do CCBB
Filme foi dirigido por Julien Temple, amigo íntimo do músico, morto em 2002; Scorsese, Depp e Bono deram depoimentos
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
No início dos anos 90, Michael Hutchence (1960-1997),
então vocalista do INXS, e Joe
Strummer (1952-2002), então
ex-vocalista do Clash, estavam
em um clube londrino quando
um grupo de garotas se aproximou. Foram todas para cima de
Hutchence. Após um tempo, o
galã desvencilhou-se das fãs,
mas se sentiu mal por Strummer ter sido ignorado. Este voltou-se para Hutchence: "Não se
preocupe comigo. Sou apenas o
porta-voz de uma geração".
Quem conta a história é o cineasta Julien Temple, que foi
amigo íntimo do vocalista do
Clash e dirigiu "Joe Strummer:
O Futuro Está para Ser Escrito", documentário agudo que
está na mostra Tribos Urbanas,
no Centro Cultural Banco do
Brasil (CCBB) de São Paulo
(leia texto nesta página).
Por meio de entrevistas com
pessoas ligadas a Strummer e
com gente como Johnny Depp,
Martin Scorsese e Bono, Temple procura decodificar o guitarrista, letrista e vocalista de
uma das bandas mais atuantes
e engajadas do rock -quando
engajamento era algo mais do
que cantar "Minha Alma" no
programa do Luciano Huck.
A partir de referências sociais e políticas em músicas como "Tommy Gun" e "Spanish
Bombs", Strummer foi chamado de "porta-voz de uma geração". Segundo Temple, 55, ele
lidava com a expressão de uma
maneira ambígua:
"Joe encarava isso com humor. Ele usou sua posição como pessoa pública de uma forma responsável. Realmente
acreditava que podemos mudar
o mundo positivamente. Por
outro lado, ele acabou com o
Clash porque não queria ser
um rock star, muito menos porta-voz de alguém".
Pistols ou Clash?
Temple e Strummer se conheceram em 1976, logo após a
formação do Clash. Fascinado
por rock and roll, o cineasta
passou a filmar bandas da cena
punk londrina, principalmente
o Clash e os Sex Pistols.
Até que Strummer disse a
Temple: ou eles ou nós. E Temple escolheu eles. "Eu já havia
colhido um material extenso
dos Pistols, não poderia jogar
aquilo fora. Então tive que me
afastar do Clash."
Diretor e roqueiro ficaram
afastados até os anos 90. "Joe
se casou com uma amiga de escola de minha mulher. Certo
dia, essa amiga vai almoçar em
casa e eu dei de cara com Joe."
Nos últimos anos, Strummer
aproximou-se de Temple. Viraram bons amigos. "Ele se tornou pai, estava mais calmo.
Mas não é fácil fazer um filme
sobre um amigo."
Julien Temple tem na bagagem alguns filmes de ficção (como "Bullet", de 1996), mas são
os filmes sobre pop e rock que
dominam seu currículo, como
"The Great Rock and Roll
Swindle", sobre o Sex Pistols, e
"Glastonbury", sobre o festival
homônimo inglês.
"Não faço filmes estritamente sobre música. O objetivo é
enxergar alguns aspectos que
existem dentro da música. Não
são documentários de rock; estão mais para longas de história
social", conta. "Cresci ouvindo
Kinks e Stones, e eles me fizeram ver o mundo de forma diferente daquela que eu via na escola. Foi algo libertador."
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