São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2011

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Wayne Shorter quer reinventar sua música em SP

Jazzista afirma não fazer ensaios com a banda para os artistas expressarem percepção do momento no palco

Leitura de Stephen Hawking inspira músico, que se apresenta em junho no Auditório Ibirapuera

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Tente ensaiar viver no momento", desafia Wayne Shorter. "Não é possível, você simplesmente vive."
Está falando, é claro, da expressão de sua música, e do ato de estar no palco. "Isso é o jazz, todo o processo criativo. É uma das formas de arte em que é preciso estar no momento. Acho que os pintores fazem o mesmo quando pintam: é como se não houvesse ninguém por perto."
Shorter, 77, não vinha ao Brasil desde 2005, quando se apresentou no Tim Festival. Em São Paulo, toca, no próximo dia 10, no BMW Jazz Festival, dos mesmos organizadores do antigo Tim. A seu lado, os parceiros de seu mais recente quarteto, acústico, com Danilo Perez, no piano, John Patitucci, no contrabaixo e Terri Lyne Carrington, na bateria.
"É, tocamos juntos há mais de dez anos, quase tanto quanto o Weather Report", calcula em voz alta, lembrando os tempos da banda superstar do jazz elétrico de fins dos anos 70.
Com o quarteto, no Brasil, Shorter pretende se lançar ao desconhecido e reinventar na hora a própria musicalidade. "Não ensaiamos, gostamos de refletir sobre o que acontece naquele momento", explica, ao telefone. "Esse é o desafio que encontramos no palco quando tocamos, você negocia o inesperado de uma maneira nunca feita antes."

REPERTÓRIO
"Não falamos sobre o que vamos tocar. Entramos no palco, alguém dá o primeiro som, os outros dizem, ok. O que você faz depois que diz "oi'? Você apoia qualquer som que vem no seu caminho, em vez de lutar contra. Seria como interromper a conversa de alguém."
Qualquer um que já tenha ouvido a impetuosidade dos discos que gravou ao lado do quinteto de Miles Davis nos anos 1960, ou seus próprios álbuns, clássicos como "Speak No Evil" ou "Juju", pode reconhecer 50 anos de vigor criativo.
Mas, diz, é um aprendizado constante, e a vontade de tocar o momento é "algo que está sendo percebido mais".
"Estou lendo "The Grand Design" [o desenho expansivo, em livre tradução], do Stephen Hawking, que diz que o universo não foi criado por um poder sobrenatural. O universo se cria. E ele usa a palavra singularidade. Nós precisamos de singularidades na vida de cada um."

WAYNE SHORTER QUARTET

QUANDO 10/6, a partir das 21h
ONDE Auditório Ibirapuera ( av. Pedro Álvares Cabral, s/nº; 0/xx/ 11/3629-1075)
QUANTO R$ 30 e R$ 100 (ingressos esgotados)
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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